
O caso não foi registrado, pois a suposta vítima negou que tenha sido agredida. Ao g1, delegada afirmou que, embora possa não ser o caso, às vezes, vítimas deixam de denunciar episódios de violência por medo dos agressores e por insegurança na aplicação de punições. Homem é retirado de ônibus por policiais após passageiros o denunciarem por agressão
Um vídeo que começou a circular nas redes sociais, na terça-feira (9), mostra um homem sendo retirado de um ônibus coletivo por policiais civis após passageiros o denunciarem por ameaçar e agredir a companheira, que também estava no transporte (assista acima). O caso ocorreu no Centro de Teresina.
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Nas imagens, é possível ver o momento em que dois policiais civis entram no ônibus e pedem para que o homem e a mulher os acompanhem. O coletivo estava estacionado em frente à Central de Flagrantes da capital.
O vídeo mostra ainda duas passageiras informando aos policiais que o conduzido estava agredindo a mulher e a enforcando dentro do transporte. “Faz é hora que ele bate na cara dela e enforca ela com o braço”. “Não deixa ela falar, fica puxando ela e dizendo pra ela falar que ama ele”, disseram as testemunhas.
Segundo a delegada Roberta Leitão, titular da Central de Flagrantes de Teresina, durante depoimento a mulher negou a ocorrência dos fatos. Ela e o companheiro foram liberados.
Homem é retirado de ônibus em Teresina após passageiros denunciarem agressão
Reprodução
Mulheres deixam de denunciar violência
Não é possível afirmar que é o caso da história citada acima, mas muitas mulheres deixam de denunciar episódios de violência doméstica por medo dos agressores e por insegurança na aplicação de punições aos envolvidos.
Ao g1, a delegada Eugênia Villa, criadora da 1ª delegacia de feminicídios do Brasil, destacou que em muitos casos, além do medo, as vítimas não se dão conta do perigo que estão correndo em um relacionamento abusivo.
“Penso que muitas vezes não nos damos conta de que estamos em uma situação de risco. Então, é preciso que nós, mulheres, estejamos informadas sobre a desnaturalização da violência. Por que não conseguimos perceber a violência quando ela se instala de um modo mais sutil, como ocorre na violência psicológica? É porque a sociedade banaliza, as instituições banalizam, a própria família naturaliza e, aí, nós achamos natural. A mudança ocorre quando nos damos conta de que estamos em um relacionamento abusivo”, afirmou.
Ainda segundo Eugênia Villa, para que as mulheres tenham cada vez mais coragem de denunciar seus agressores, é necessário o desenvolvimento de medidas inovadoras de segurança, como a prisão preventiva do agressor como uma medida protetiva de urgência.
“Temos que estudar todos os casos para que a gente possa compreender que fatores de risco nós podemos identificar para prevenir outros casos de violência e feminicídio através de políticas públicas. Nós temos que, por exemplo, encarar a prisão preventiva como uma medida protetiva de urgência, não somente como uma medida cautelar de natureza processual, mas também como uma medida que protege os direitos fundamentais da mulher. Estamos cada vez mais visualizando novas formas de atuar”, explicou a delegada.
A delegada declarou também que a sociedade precisa acolher as vítimas de violência doméstica, para que elas desenvolvam mais coragem para denunciar agressões verbais, físicas, morais e psicológicas.
“A sociedade, a Justiça, a polícia, as universidades, as instituições e toda a estrutura social, precisa estar ao lado das mulheres. Quando nós estivermos vendo um mundo igualitário, nós vamos nos encorajar. É preciso desconstruir essa estrutura patriarcal que nos coloca em cativeiros”, concluiu Eugênia Villa.
Homem é retirado de ônibus em Teresina após passageiros denunciarem agressão
Reprodução
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