Suspeitos de manipulação de jogos tinham grupo em aplicativo para combinar resultados: ‘Arbitragem da propina’


Segundo delegado, foram identificados dois grupos que seriam usados no esquema. A Polícia Civil cumpriu 16 medidas judiciais contra o grupo envolvido no esquema na manhã desta quarta-feira (9). Entre os contatos em celular apreendido pela Polícia Civil de Goiás, está um grupo que seria usado em esquema
Divulgação/Polícia Civil
Uma imagem divulgada pela Polícia Civil revelou que os suspeitos de manipular jogos de futebol também usavam grupos em um aplicativo de mensagens para isso (veja acima). Os suspeitos são investigado na Operação Jogada Marcada, por manipular jogos de futebol para ganhar apostas esportivas.
O g1 não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos.
A operação ocorreu na manhã desta quarta-feira (9). Na imagem divulgada está um grupo com o nome “Arbitragem da propina”, que seria usado no esquema.
Segundo o delegado Eduardo Gomes, responsável pelo caso, há ainda um segundo grupo cujo nome não foi revelado pela Polícia Civil.
Investigação
De acordo com Eduardo, as investigações tiveram início em 2023, após o presidente do time Goianésia, na época, denunciar ter recebido uma proposta de um dos aliciadores do esquema. Na época, o time não disputava o campeonato pela Série D, mas o suspeito teria tentado convencer o ex-presidente a agir como uma espécie de intermediador com os times que disputavam a partida, contou o delegado.
“[Eles tinham] a intenção de fornecer valores para estas partes, oferecendo até R$ 1 milhão para o time que estivesse disposto a aceitar o acordo e oferencedo, pela intermediação para o presidente deste time, R$ 300 mil”, afirmou.
O aliciador, no entanto, não sabia que o ex-presidente do Goianésia, Marco Antônio, também é delegado da Polícia Civil e entrou em contato com ele após encontrar o número de Marco no site do time, segundo as investigações.
Em nota, o time afirmou que “não compactua com nenhuma prática que prejudique a integridade das competições e continuará colaborando com as investigações”.
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Eduardo destacou que, até o momento, não foram identificadas partidas ou times goianos envolvidos no esquema.
Depois da denúncia, a polícia deu início às investigações para qualificar apenas o autor da proposta. No entanto, após descobrirem outros vínculos do investigado com o futebol, os policiais resolveram e aprofundar mais nas investigações, descobrindo outros envolvidos.
“Após iniciar as investigações, vimos que ele tinha diversos vínculos, inclusive com esta área do futebol. Então, demos continuidade à investigação, imaginando que ele não se restringiria somente a esta tentativa de corrupção do presidente do time goiano, mas que poderia estar atuando em outras áreas de outros estados”, declarou Eduardo.
Ainda de acordo com Eduardo, a investigação foi dividida em três núcleos:
Financiadores (empresários e apostadores);
Aliciadores (buscavam por contatos e faziam propostas);
Executores (jogadores, técnicos e presidentes e outros).
A polícia também revelou que o grupo teria movimentado cerca de R$ 11 milhões com o esquema.
Prisões e mandados
Presidente do Goianésia, que também é delegado, denúncia esquema de manipulação de jogos
Na manhã de quarta-feira (9), a Polícia Civil cumpriu 16 medidas judiciais contra o grupo, entre mandados de prisão e busca e apreensão. A operação resultou em seis prisõesn. Um ex-jogador envolvido é considerado foragido, segundo a corporação.
Entre os presos, a polícia revelou que está o ex-árbitro de futebol Dguerro Batista Xavier, preso em João Pessoa. Os outros presos são um ex-presidente de um clube que recebeu R$ 200 mil para participar do esquema, dois ex-jogadores e dois aliciadores.
Entre os alvos da investigação, está um empresário de Goiás que também foi alvo da busca e apreensão, mas a polícia não forneceu mais detalhes até a última atualização desta reportagem para não comprometer as investigações.
A operação foi realizada em diferentes estados, como Espírito Santo, Paraná, Maranhão, Ceará e Pernambuco.
Essa ação da Polícia Civil de Goiás é conduzida pelo Grupo Antirroubo a Banco (GAB), da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic).
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