
Após duas suspensões ocorridas em março deste ano, a reunião foi retomada na tarde desta quinta-feira (10), mas acabou sendo suspensa pela terceira vez. O novo encontro com os credores deve ser realizado no dia 13 de maio, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos. Avibras em Jacareí.
Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos
Pela terceira vez, a assembleia da Avibras com credores sobre o plano de recuperação judicial da empresa bélica, que tem sede em Jacareí (SP), foi suspensa no início da tarde desta quinta-feira (10).
A terceira tentativa de assembleia com os credores teve início às 12h, mas, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, foi adiada novamente ao longo da tarde. Agora, uma nova reunião deve ser realizada no dia 13 de maio, de acordo com os sindicalistas.
Por meio de nota, o Sindicato dos Metalúrgicos informou que a suspensão foi pedida pelo fundo de investimentos Brasil Crédito, que pretende apresentar um plano alternativo à recuperação judicial da empresa.
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De acordo com os sindicalistas, na assembleia desta quinta-feira (10) o representante da Brasil Crédito afirmou que o atual plano de recuperação judicial é inviável e que um novo plano a ser apresentado pelo fundo de investimentos contemplará as dívidas adquiridas pela Avibras até 18 de março de 2022.
O fundo de investimento Brasil Crédito cobra na Justiça uma dívida de R$ 187 milhões de João Brasil, presidente da Avibras. Para quitar a dívida, a penhora de ações da Avibras chegou a ser acatada pela Justiça no início do ano, mas, no final de março, uma nova decisão suspendeu a penhora – leia mais abaixo.
A primeira assembleia com credores, realizada em 11 de março, também foi suspensa, mas por falta de quórum mínimo para a realização. Já a segunda, que foi realiza no dia 18 de março, foi adiada pois representantes da empresa afirmaram que a negociação para a venda a um investidor saudita poderia ter avanços nas semanas seguintes.
Na ocasião, o Sindicato dos Metalúrgicos, que participou da assembleia como representante dos funcionários da Avibras, apontou que falta transparência da empresa. Ainda segundo o sindicato, a Avibras informou, à época, que o prazo para que a negociação com a empresa saudita seja concretizada é o fim de abril.
No ano passado, a Avibras anunciou negociações de venda para uma empresa australiana e, depois, para uma empresa brasileira, mas as duas tratativas fracassaram.
Negociações
Em janeiro deste ano, a Avibras informou que abriu novas negociações, desta vez com uma empresa da Arábia Saudita – a Black Storm Military Industries. Apesar disso, detalhes das negociações não são divulgados.
“O Sindicato só foi envolvido em uma dessas três negociações de investidores com a Avibras. Mesmo assim, na época, o nome do grupo interessado em comprar a indústria foi mantido sob sigilo. Por isso, não temos nenhuma confiança na empresa. Não existe transparência nem informações concretas sobre o futuro dos trabalhadores”, afirmou o presidente do sindicato, Weller Gonçalves, à época.
Avibras faz assembleia com credores e sindicalistas
Penhora de ações
No fim de fevereiro, a Justiça determinou a penhora das ações da Avibras que estão em nome da empresa Rocket Bridge. No entanto, em março o Tribunal de Justiça acatou um pedido do presidente da Avibras, João Brasil Carvalho Leite, e suspendeu a penhora das ações da empresa, sediada em Jacareí (SP).
As ações tinham sido penhoradas a pedido do fundo de investimento Brasil Crédito, que cobra uma dívida de R$ 187 milhões de João Brasil.
Na defesa, o presidente da Avibras alegou que o fundo de investimento não pode ter preferência em relação aos demais credores e que a Avibras está em vias de receber investimento para a retomada. Outra questão apontada pela defesa foi de que a penhora poderia inviabilizar a negociação.
A empresa Rocket Bridge tem como dono João Brasil Carvalho Leite, que também é diretor-presidente da Avibras. João Brasil tinha 94% das ações da Avibras, mas, no ano passado, transferiu essas ações para a Rocket Bridge.
Negociações para venda
No início de dezembro do ano passado, o investidor brasileiro que negociava a compra da Avibras informou que desistiu do negócio. A decisão foi comunicada por meio de uma carta.
No documento, o grupo de investidores disse que “não foram cumpridas as condições precedentes consideradas como essenciais ao fechamento do negócio dentro do prazo estabelecido em contrato”.
Na ocasião, a Avibras informou que a conclusão do negócio dependia de vários fatores e do cumprimento de uma série de condicionantes estabelecidas no contrato – como nem todas as condicionantes foram cumpridas nesse período, o investidor decidiu desistir da compra.
Investidor desiste da compra da Avibras
Antes da desistência do negócio, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos havia definido que os trabalhadores da Avibras só iriam votar a proposta apresentada pelos investidores após a conclusão da compra da companhia pelo investidor.
No fim de janeiro, a Avibras anunciou novas negociações para venda da indústria a uma empresa saudita. Segundo o comunicado, as tratativas eram ‘avançadas’ com a empresa Black Storm Military Industries.
Crise da Avibras
Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:
março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões
setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários
julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado
abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex
junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra
junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês
outubro de 2024: a Avibras afirmou que negociava com um investidor brasileiro
dezembro de 2024: o investidor brasileiro desistiu do negócio
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial – de 2022 para cá – é de mais de R$ 320 milhões.
Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente, são 919 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve motores de foguetes para as forças armadas, entre outras coisas.
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