
As investigações mostraram que o Comando Vermelho e o PCC usaram as mesmas empresas e os mesmos mecanismos para lavar dinheiro. Comando Vermelho e PCC lavaram R$ 6 bilhões em 1 ano
Traficantes das duas maiores facções criminosas do Brasil usavam um banco digital ilegal para lavar dinheiro.
As duas maiores facções criminosas do país movimentaram R$ 6 bilhões em apenas um ano, de acordo com a Polícia Civil do Rio. As investigações mostraram que o Comando Vermelho e o PCC usaram as mesmas empresas e os mesmos mecanismos para lavar dinheiro.
“O Comando Vermelho se valendo dessa expertise que o PCC já tem há muito tempo, que é essa movimentação financeira, e a facilidade de abertura e transações como pessoas jurídicas”, diz Victor Santos, secretário estadual de Segurança Pública do RJ.
O esquema envolvia mais de 20 empresas, como de transporte, publicidade e roupas. Todas de fachada. A Ônix Perfumes de São Paulo, por exemplo, fez transações financeiras que chegaram a R$ 200 milhões.
“É empresa de fachada cuja sócia está cadastrada em programas de auxílio emergencial em razão de miserabilidade”, afirma o delegado Jefferson Ferreira.
Facções usavam mais de 20 empresas de fachada e banco digital ilegal para lavar dinheiro do tráfico, aponta investigação
Jornal Nacional/ Reprodução
A casa é da dona da falsa perfumaria, na Zona Sul de São Paulo. Ela seria uma das laranjas do esquema.
As investigações começaram há sete meses em uma troca de informações entre polícia e instituições financeiras. Segundo os policiais, criminosos enviavam o dinheiro do tráfico para contas de empresas fantasmas. Eles faziam depósitos frequentes, de valores altos. Um deles, de mais de R$ 1 milhão. Essas transações tinham uma característica: eram em dinheiro vivo e em notas baixas: de R$ 5, R$ 10 e R$ 20 – todas úmidas e mofadas, de acordo com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, características de notas usadas na venda de drogas.
A polícia diz que o dinheiro das empresas fantasmas era depositado em uma conta de um banco digital ilegal – não cadastrado no Banco Central. Esse banco ilegal operava em bancos tradicionais, de onde movimentava os valores que poderiam ser sacados ou enviados para outras empresas de fachada.
“Esse dinheiro todo lavado, oriundo do crime organizado, foi utilizado para a compra de armas, drogas e justamente financiar a política expansionista e territorial do Comando Vermelho aqui no estado do Rio de Janeiro”, afirma Felipe Curi, secretário estadual de Polícia Civil do RJ.
LEIA TAMBÉM
Operação mira lavagem de dinheiro do CV e do PCC que girou R$ 6 bilhões em 1 ano e criou até banco digital
Justiça torna réu por tráfico internacional de drogas o homem considerado o faz-tudo do PCC