
Fabiane Zacarias é de Sorocaba (SP) e viajou à capital chilena para disputar um campeonato de agility, esporte feito em dupla entre tutores e cães. Na volta para casa, ela foi impedida de embarcar com o animal e alega que sofreu ameaças dos funcionários da companhia aérea. Coordenadora da Comissão Brasileira de Agility relata descaso e em aeroporto no Chile
A coordenadora da Comissão Brasileira de Agility (CBA), esporte baseado nas regras do hipismo e praticado por duplas formadas entre tutores e cães, alegou ter sido ameaçada por funcionários de uma companhia aérea em Santiago, no Chile, ao tentar retornar ao Brasil na segunda-feira (7).
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Fabiane Zacarias, de Sorocaba (SP), saiu do aeroporto de Guarulhos (SP) com destino à capital chilena para participar com sua equipe de um campeonato do esporte, que reuniu candidatos de todo o continente americano, no 28 de março e contou ao g1 que na ida não teve problemas.
As reservas de ida e volta já estavam pagas. Ela e outros integrantes desembolsaram mais R$ 1,2 mil cada para embarcar com os animais na cabine, já que eles se enquadravam no tamanho limite para viajar com os tutores.
No entanto, para outras duas competidoras, as dificuldades começaram ainda em solo brasileiro. O horário do voo foi alterado e, segundo os funcionários do guichê, elas não poderiam embarcar com os cachorros.
“O horário era às 10h05 e, de repente, mudaram para as 9h50. Quando eles tiveram que reconfirmar a passagem, eles disseram que não poderiam levar o cão, mesmo estando reservado e pago. As competidoras foram ao aeroporto sem ter certeza se os cachorros conseguiriam embarcar ou não. Depois, confirmaram a reserva para gatos. Foi extremamente confuso”, lembra.
Aeroporto Arturo Merino Benitez, em Santiago, no Chile
Reprodução/Google Street View
Uma semana depois, já após o campeonato e prontos para retornarem às suas casas em diferentes voos, Fabiane recebeu uma ligação de uma das competidoras dizendo que havia sido barrada de embarcar com o animal na cabine pela bolsa ultrapassar o tamanho limite sendo que, na ida, ela havia sido aprovada.
“Eles disseram que a bolsa era grande demais, que ele não poderia ir em cima e teria que ser despachado. Por conta disso, perdeu o voo. Ela fez umas postagens nas redes sociais e marcou a companhia aérea para ficarem cientes”, explica.
Segundo a coordenadora, ela chegou ao aeroporto pouco depois, também para embarcar de volta ao Brasil. No local, mulher alegou que não seria autorizada para embarcar em outro voo, mesmo com o animal despachado corretamente, caso não apagasse as postagens nas redes sociais.
“Como ela fez as postagens no Instagram, eles afirmaram que ‘iriam avaliar’ se autorizariam ela a embarcar em um voo deles com destino ao Brasil caso ela apagasse as publicações. Ela não apagou e ficou esperando. Resumindo, ela decolou para casa, em Curitiba (PR), apenas na terça-feira (8) à tarde”, comenta.
Fabiane é a tutora de Acqua
Arquivo pessoal
“Quando o cão é despachado para outra área, é necessário colocá-lo em uma caixa rígida, ao invés da ‘bolsinha’ para cães pequenos na cabine. Nós temos essa caixa, só que nas nossas casas, pois não foi preciso na ida. Eles já teriam ido assim, caso fosse necessário desde o começo”, complementa.
Durante o período, Fabiane encontrou outra competidora que na hora de realizar seu check-in no voo, também foi barrada pelos funcionários da empresa.
“Ela disse que ambos eram muito grandes e teriam que ser despachados e, mesmo sem ter estrutura, eles falaram para eu providenciar. Disse a eles que não tive problemas em vir do Brasil ao Chile com ela na cabine e eles negaram meu pedido, dizendo que não tinham nada a ver com o voo de ida”, destaca.
Sabendo que ela poderia passar por problemas devido aos das suas colegas de equipe, Fabiane decidiu gravar a primeira tentativa de embarque. Sem sucesso, ela perdeu cerca de 1h30 na busca dos itens necessários para despachar o animal de forma correta.
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No retorno, a coordenadora apontou, novamente, supostas ameaças dos funcionários da companhia. Conforme a fala de Fabiane, ela só seria autorizada para subir no avião caso apagasse os registros que havia feito com o seu celular na primeira tentativa.
“Outro funcionário, provavelmente de cargo maior, chegou até mim e disse ‘Eu sei que você fez uma filmagem quando esteve aqui da outra vez. Se quiser embarcar, vai ter que apagar’. Eu neguei e disse que iria embarcar mesmo assim. Isso não existe. Eu fiz o check-in e despachei minha cachorra”, descreve.
Participante da Comissão Brasileira de Agility relata descaso e em aeroporto no Chile
A praticante de agility descreve toda a situação como um “estresse absurdo”. Segundo ela, voos envolvendo animais raramente são tranquilos, e a experiência se torna ainda mais difícil para quem já passou por traumas anteriores.
“Na época da faculdade, lembro muito claramente da minha outra cachorrinha saindo do voo desmaiada, com a respiração muito ofegante. Ela deve ter ficado em um local de muito calor. Sei que, hoje, o tratamento dado aos animais é completamente diferente e mais seguro do que antes e que erros acontecem. Despachar um cão é algo muito estressante. Eu não estava nem no preparo psicológico para isso, vendo tudo o que passei anteriormente”, lamenta.
“Os funcionários foram extremamente secos comigo e com outras pessoas da equipe. Acredito que isso seja um erro geral da companhia aérea. Eles têm que se comunicar. Se pode ir na cabine na ida, tem que ir na ida e na volta. Foi um transtorno total”, finaliza.
Em nota enviada ao g1, a Latam Airlines Brasil informa que está em contato com a cliente para esclarecer o ocorrido.
*Colaborou sob supervisão de Carla Monteiro
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