
Advogados afirmaram que procuradora-geral violou protocolos do governo ao pedir pena capital para assassino de CEO. Defesa afirma que administração federal tenta fazer ‘manobra política’. Vídeo mostra homem atirando contra CEO em Nova York
Os advogados de Luigi Mangione, acusado de assassinar o CEO da UnitedHealthCare, acusaram o governo de Donald Trump de tentar matá-lo como parte de uma “manobra política” ao buscar a pena de morte. A defesa ingressou com um pedido na Justiça nesta sexta-feira (11) para barrar a medida.
Mangione está preso desde dezembro de 2024, acusado de matar Brian Thompson, então CEO de uma das principais seguradoras de saúde dos Estados Unidos. O executivo foi assassinado em frente a um hotel de luxo em Nova York.
Em 1º de abril, a procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, ordenou que os promotores responsáveis pelo caso buscassem a pena de morte para Mangione.
Nesta sexta-feira, os advogados apresentaram um pedido à Justiça Federal de Nova York para impedir que o governo leve adiante a decisão.
Segundo a defesa, o anúncio feito por Bondi teve motivação política, violou os protocolos do governo para decisões sobre pena capital e “prejudicou irreversivelmente” o processo.
Segundo os advogados, o anúncio feito pela procuradora-geral teve motivação política e violou os protocolos do governo para decisões sobre pena capital. A defesa afirma ainda que a ordem de Bondi “prejudicou irreversivelmente” o processo.
“O governo dos Estados Unidos pretende matar o sr. Mangione como uma manobra política”, disseram os advogados.
O Departamento de Justiça não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem.
Luigi Mangione durante audiência judicial em Nova York, em 21 de fevereiro de 2025
Curtis Means/Pool via REUTERS
Relembre o caso
Mangione foi preso na Pensilvânia em dezembro de 2024, após cinco dias de buscas das autoridades, enquanto comia um lanche.
Ele se declara inocente das acusações de assassinato e terrorismo que enfrenta e, atualmente, está detido em uma penitenciária federal no Brooklyn, em Nova York.
Mangione compareceu a uma audiência judicial em Nova York no dia 21 de janeiro. Na ocasião, a advogada dele afirmou que pediria a anulação das evidências coletadas durante sua prisão em dezembro.
Karen Agnifilo afirmou que Mangione foi revistado ilegalmente no dia de sua prisão e que o procedimento teve “sérios problemas”.
A audiência pela qual Mangione passou foi breve e se concentrou principalmente no andamento das investigações pelos promotores e na entrega de evidências à defesa do acusado.
Mangione foi fotografado no tribunal com as mãos e os pés algemados. Do lado de fora da corte, várias pessoas se reuniram para demonstrar apoio a ele.
Quem é Luigi Mangione?
Luigi Mangione tem 26 anos e nasceu no estado de Maryland. Segundo a imprensa norte-americana, durante a adolescência, ele foi um dos melhores alunos da turma e estudou em um colégio de elite de Baltimore.
Mais tarde, Mangione entrou na Penn State University, onde cursou ciência da computação, com foco em inteligência artificial. A instituição está entre as melhores universidades particulares dos Estados Unidos.
Em suas redes sociais, Mangione mostrava apreço pelo manifesto de Ted Kaczynski (1942-2023), o “Unabomber”, um dos mais famosos serial-killers dos EUA. Ele também criticava, pelas redes sociais, o uso de smartphones por crianças.
Segundo a polícia, o último registro de Mangione antes da prisão apontava que ele estava morando em Honolulu, no Havaí. Amigos e pessoas que trabalharam com ele o definiram como “um cara legal” e revelaram que ficaram chocados com o crime.
Mangione também nasceu em uma família rica, que controla um império imobiliário e empresarial. Entre as propriedades dos “Mangiones” estão country clubs, casas de repouso, estações de rádio, campos de golfe, hotéis, resorts e uma fundação.
Provas contra o acusado
Segundo a polícia, Mangione foi preso com uma identidade falsa. O documento foi o mesmo usado pelo atirador para fazer check-in em um hostel de Nova York antes de Brian Thompson ser assassinado.
Além disso, os policiais encontraram com suspeito uma pistola com características semelhantes às da usada no crime. A polícia informou que acredita que a arma foi produzida em partes, a partir de uma impressora 3D.
O aspecto físico de Mangione também é muito semelhante ao do atirador que foi flagrado nas imagens de câmeras de segurança no dia em que Thompson foi morto.
Por fim, os policiais encontraram com Mangione um documento escrito à mão. O manifesto tinha cerca de três páginas e expressava a raiva do suspeito contra as empresas de seguro de saúde. Segundo a Associated Press, ele descreveu essas organizações como “parasitárias”.