Preço do café deve seguir em alta até 2026, apontam especialistas; MG é o maior produtor do país


Perspectiva é que safra brasileira de 2025/2026 seja menor do que a 2024/2025, o que deve manter os preços elevados ao consumidor final. Dia Mundial do Café é celebrado nesta segunda-feira (14). Dia Mundial do Café: modo de preparo interfere no sabor
O Dia Mundial do Café é celebrado nesta segunda-feira (14), mas os fãs da bebida, infelizmente, ainda não têm muito o que comemorar: especialistas do setor apontam que os preços da bebida devem continuar altos até o próximo ano.
A safra brasileira de 2025/2026, que começa a ser colhida entre o fim de abril e maio, terá queda na produção total na comparação com a temporada 2024/2025, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
A estimativa é de que a colheita do café arábica, mais sofisticado e líder na produção nacional, caia 13% em relação ao ano passado. Já o café robusta, mais simples, deve crescer 18%.
Mesmo com essa alta do robusta, o volume total de produção ainda será menor do que em 2024.
“Com esse quadro, com esse cenário, fica difícil prever redução de preço no consumidor final do café no curto prazo”, apontou Márcio Ferreira, presidente do conselho da Cecafé.
O cenário de menor oferta pressiona os preços, e a expectativa é de que o consumidor continue pagando caro pela bebida.
Ainda de acordo com o Cecafé, apenas uma colheita bem-sucedida nesta safra, seguida de boas condições climáticas para floradas no segundo semestre, poderia indicar queda nos preços em 2026.
“Se o mercado também estiver o mercado praticando preços abaixo dos atuais, existe uma possibilidade de que os preços pro consumidor comece a se ajustar entre o final deste ano e o início do que vem”, completou.
O Brasil deve produzir mais de 3,2 milhões de toneladas de café em 2025, de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Minas Gerais é o estado que mais produz a commodity no país.
Café filtrado, ou de coador, é um dos métodos mais tradicionais no Brasil e vem ganhando popularidade no exterior. (foto ilustrativa)
Freepik
Alta de 77,78% nos últimos 12 meses
Em março, também segundo o IBGE, o café moído acumulou alta de 77,78% no acumulado dos 12 meses anteriores. Só em 2025, a alta já chega a 30%, e, entre fevereiro e março, o aumento foi de 8%.
A valorização do produto é reflexo de diversos fatores, como a queda na oferta global — provocada por safras menores no Brasil e no Vietnã —, a alta do dólar e a especulação nos mercados internacionais.
Na última safra, a saca de café chegou a ser cotada a US$ 582, recorde desde 1977, ainda segundo a Cecafé. Hoje, o preço gira em torno de US$ 476 por saca, ainda bem acima da média histórica.
Assim como outras commodities, o café também é influenciado por fatores financeiros. O preço do produto sofre antecipações e especulações nas bolsas de valores, o que pode elevar os preços para além de motivações como o clima ou a oferta e a demanda.
Ainda assim, o aumento nas prateleiras dos supermercados tem sido, segundo a Cecafé, menor do que a alta enfrentada pela indústria. Parte do impacto das cotações internacionais ainda não foi completamente repassada ao consumidor, como estratégia dos lojistas de fidelizá-los, mas a tendência é de que os preços sigam pressionados até o fim do ano.
Café no Sul de Minas (foto ilustrativa)
Divulgação / Emater-MG
Impacto do “tarifaço” dos EUA pode ser limitado
Outro fator que pode influenciar o mercado global de café é a taxação imposta pelos Estados Unidos sobre produtos importados. Todos os itens vendidos para os EUA, incluindo o café, passarão a ser taxadas em 10%, por determinação do presidente Donald Trump. O impacto dessa medida no mercado interno brasileiro, porém, deve ser limitado.
Especialistas ouvidos pelo g1 apontam que, por um lado, é uma oportunidade de o país vender mais para os EUA, seu principal cliente no exterior — já que outros países produtores devem receber uma tarifação ainda maior que a brasileira.
Por outro, um possível encarecimento da bebida naquele país poderia levar a uma queda no consumo.
No primeiro trimestre de 2025, o Brasil exportou mais de US$ 1 bilhão e
A crise no abastecimento de café também tem motivações climáticas. Desde 2020, eventos extremos como geadas, seca severa (efeito do El Niño) e chuvas em excesso (efeito do La Niña) afetaram a produção de países líderes no setor, como Brasil e Vietnã.
Ao mesmo tempo, a demanda global pela bebida continua a crescer. Essa combinação de oferta limitada com procura crescente pelo produto elevou os preços nos mercados internacionais, impactando diretamente os custos da indústria e, por fim, os preços no varejo.
Lavoura de café no Sul de Minas (foto ilustrativa)
Divulgação / Emater-MG
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