
Eles estavam enterrados na vala clandestina de Perus, no Cemitério Dom Bosco, na Zona Norte de São Paulo. O local foi encontrado em 1990, graças à investigação dos jornalistas Caco Barcellos e Maurício Maia. Eles estavam enterrados na vala clandestina de Perus, no Cemitério Dom Bosco, na Zona Norte de São Paulo
Jornal Nacional
A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos identificou ossadas de duas vítimas da ditadura militar enterradas como indigentes na década de 1970.
Grenaldo de Jesus da Silva nasceu no Maranhão e era militar. Foi expulso da Marinha, preso por insubordinação e fugiu. Dênis Casemiro era paulista do interior, pedreiro, trabalhador rural e militante da Vanguarda Popular Revolucionária. Os dois brasileiros identificados nesta quarta-feira (16) foram vítimas da ditadura militar. Não tiveram direito a julgamento, defesa ou recursos aos tribunais.
Grenaldo de Jesus da Silva foi assassinado dentro de um avião no Aeroporto de Congonhas, e Dênis Casemiro foi preso, torturado e assassinado nas celas do DOPS em São Paulo, hoje transformado em memorial. A luta e a angústia das famílias para encontrar os corpos se arrastaram por mais de 50 anos.
Eles estavam enterrados na vala clandestina de Perus, no Cemitério Dom Bosco, na Zona Norte de São Paulo. O local foi encontrado em 1990, graças à investigação dos jornalistas Caco Barcellos e Maurício Maia. Entre as mais de mil ossadas de pessoas enterradas ali como indigentes estão a de desaparecidos políticos, que aos poucos estão sendo identificados. O total já chegou a seis.
A família de Dênis chegou a receber uma outra ossada na década de 1990. Testes mais tecnológicos, agora, mostraram que a primeira identificação estava errada.
“O que possibilitou atualmente o Projeto Perus identificar Dênis Casemiro foi a utilização de uma nova metodologia, no caso a tecnologia de exames de DNA”, afirma Samuel Ferreira, coordenador científico do Projeto Perus.
No evento, a presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e a ministra dos Direitos Humanos lembraram a importância do trabalho de busca e identificação.
“Por mais que a ditadura tenha mentido que essas pessoas não morreram em suas mãos, que essas pessoas desapareceram. Eu sempre digo, o DNA delas está ali, na vala de Perus. A maior prova da truculência daquele período”, disse Eugênia Gonzaga, procuradora e presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.
“A gente precisa retomar os lugares onde tanta crueldade aconteceu, e devolver para a sociedade brasileira sobre a forma de centros de referência de espaço histórico para que as pessoas saibam o que aconteceu”, afirmou Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e Cidadania.
No Memorial da Resistência a história desse período terrível é recontada todos os dias.
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