Jovem que denunciou motorista de app por se masturbar durante corrida sofre ataques e ofensas: ‘traumatizada’


Mulher, de 20 anos, recebeu comentários ofensivos e até ameaças nas redes sociais. Uber bloqueou a conta do motorista. Mulher recebeu ataques na internet após denunciar motorista de aplicativo em Santos (SP)
Reprodução
A jovem que denunciou um motorista de aplicativo por se masturbar durante uma viagem em Santos, no litoral de São Paulo, passou a ser atacada por internautas nas redes sociais após expor a situação. Ao g1, ela disse que está traumatizada com o episódio.
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“O que eu vivi dentro daquele carro foi um pesadelo. Fui violada, desrespeitada e silenciada. E agora, ao buscar Justiça, sou novamente atacada. Transformam minha dor em espetáculo e me colocam no banco dos réus”, desabafou a vítima, de 20 anos, em entrevista ao g1.
A jovem – que teve a identidade preservada – registrou um boletim de ocorrência contando que viu movimentação do homem acompanhada de um som de masturbação durante a viagem. Logo em seguida, ela viu o pênis do motorista exposto (confira mais detalhes abaixo).
A Uber informou que desativou a conta do motorista e que o caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos.
O advogado da vítima, Rafael Leocadio Cristofoli Cunha, contou que a jovem passou a ser atacada na internet após uma publicação da mãe, que estava alertando outras mulheres sobre o caso. Alguns internautas comentaram que ela estava mentindo sobre a crime e fizeram ofensas à ela.
A jovem ainda disse que recebeu mensagens de cunho ameaçador no próprio perfil. Segundo Cunha, ela não registrou um boletim de ocorrência sobre as ameaças, pois pretende acionar os suspeitos diretamente na Justiça por meio de uma queixa-crime.
Ao g1, a vítima lamentou os comentários nas redes sociais. “Não se pode pedir socorro no mundo dos homens. É devastador ver como, ao invés de acolhimento, mulheres encontram julgamentos. Homens que não me conhecem, que nada sabem sobre mim, se sentem no direito de especular minha índole, minhas intenções, como se a dor precisasse ser provada para ser reconhecida”, disse.
De acordo com a mulher, só ela sabe o que presenciou e sentiu, por isso, denunciou o caso. No entanto, ela passou a entender o motivo de outras vítimas não denunciarem episódios de violência.
“O motorista cometeu um crime contra mim. E, como tantas outras vítimas, agora assisto à tentativa de inversão cruel. Como se uma mulher inventasse uma dor dessas por capricho. Como se alguém escolhesse viver esse tipo de trauma. […] Tudo o que temos é a nossa palavra e o peso de uma lembrança que marca para sempre”, disse ela.
Jovem denunciou motorista de aplicativo em Santos (SP)
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Relembre o caso
Segundo apurado pelo g1, a vítima solicitou a viagem no aplicativo junto com o namorado, mas com destinos diferentes, no dia 9 de abril. O ato obsceno, relatado pela jovem à polícia, ocorreu depois que o companheiro desceu do veículo.
A vítima contou aos policiais que estava sentada no banco atrás do motorista, quando percebeu a movimentação do homem acompanhada de um som de masturbação. Ela pediu para o homem parar o carro e desembarcou.
A jovem relatou que viu claramente o motorista com o pênis exposto ao ficar de frente para ele no momento em que desceu do carro, pela porta traseira direita.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o homem foi reconhecido e ouvido na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos. “A equipe da unidade prossegue com diligências para o completo esclarecimento dos fatos”, afirmou.
Uber
Em nota, a Uber informou que considera inaceitável qualquer tipo de assédio ou má conduta sexual. “A plataforma defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro”.
A empresa ainda disse acreditar na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza. Por isso, encoraja que as mulheres denunciem qualquer incidente pelo aplicativo e às autoridades competentes.
“O motorista teve a conta desativada da plataforma assim que a empresa tomou conhecimento do episódio. A Uber se coloca à disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações, nos termos da lei. Além disso, em parceria com o MeToo, a Uber conta com um canal de suporte psicológico, que foi disponibilizado para a usuária”, disse a empresa, em nota.
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