Após mais de 60 anos separados, 20 irmãos se encontram pela primeira vez no RS


Depois de seis décadas sem notícias, filhos de homem que deixou o RS nos anos 1950 se reencontram graças à busca da neta por suas origens Em pé (da esquerda para a direita): Ivanildo, Noeli, Mauri, Rosa, Neri, Nelci, Ari. Sentados: Loni, Oscar e Lurde.
Eduardo Krais/RBS TV
Um almoço de Páscoa em família marcou, neste ano, um reencontro histórico e cheio de emoção em Quinze de Novembro, no Noroeste do Rio Grande do Sul. Onze irmãos, que não se conheciam até poucas semanas antes, se reencontraram pela segunda vez — a primeira em solo gaúcho — celebrando a vida e compartilhando a mesma mesa, após 66 anos de distância e silêncio.
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A história começa em 1959, quando Osvaldo Baumgardt deixou a esposa Írika Ruppenthal Baumgardt e os quatro filhos que viviam na cidade para recomeçar a vida com a vizinha do casal, Nilda de Oliveira Lutz, em Tenente Portela.
Com o passar dos anos, ele teve mais 16 filhos, seis no Rio Grande do Sul e outros dez em Santa Catarina. A maioria deles cresceu sem saber da existência dos outros irmãos.
Neta insistiu por mais dez anos para saber notícias do avô
O reencontrou começou a ser organizado quando Marli Baumgardt, neta de Osvaldo, passou a investigar o paradeiro do avô após a morte da avó Írika em 2013.
“Ela não queria saber dele. Só depois que ela faleceu é que eu senti vontade de entender essa parte da nossa história”, contou Marli.
Durante 12 anos, buscava no cartório local alguma informação, porém sem sucesso. Neste ano, depois de mais de uma década de buscas, Marli descobriu que Osvaldo morreu em 1999 em Belmonte, no oeste catarinense.
Foi também quando ela soube que o avô havia deixado muito mais do que saudades — uma nova família, com outros 16 filhos.
Com a ajuda de funcionários da prefeitura e da Secretaria de Saúde de Belmonte, Marli conseguiu localizar os parentes que jamais imaginava ter.
“No começo, achei que podia ser golpe”, lembra a auxiliar administrativa Claudinéia Mistura, que atendeu Marli por telefone. “Mas quando ouvi a história, vi que era de verdade. Foi emocionante participar disso”, conta.
Cerca de 30 pessoas, de três gerações, estiveram no segundo encontro.
Eduardo Krais/RBS TV
Finalmente o encontro
O primeiro encontro entre os irmãos aconteceu em março, em Santa Catarina. E neste domingo de Páscoa, foi a vez dos gaúchos receberem os novos familiares. O reencontro, que aconteceu na cidade onde tudo começou, contou com a presença de cerca de 30 pessoas, de três gerações diferentes.
Dona Lurdes, a filha mais velha de Osvaldo, não esconde a mágoa pela atitude do pai, mas se disse grata ao ver tantos rostos desconhecidos, e ao mesmo tempo tão familiares.
“Ah, ficou uma mágoa por ele ter saído de casa daquela forma, com certeza, mas é uma grande emoção encontrar tantos irmãos de uma vez só. A gente tem que continuar se encontrando”, afirmou, emocionada.
O primeiro a falar com Marli foi Ari, o filho mais velho da segunda esposa de Osvaldo, Nilda. Ele confessou a angústia e o receio no início, mas admitiu a emoção quando ocorreu o primeiro encontro.
“Quando nos abraçamos, parecia que nos conhecíamos desde sempre. Já no olhar a gente sentiu o amor de irmão.”
Durante o encontro em Quinze de Novembro, houve dinâmicas, brincadeiras, música e, claro, um grande almoço, como manda a tradição familiar.
“Eles já foram lá, agora nós viemos aqui retribuir”, contou Lucilene, neta de Osvaldo. “A união da família agora vai ser pra sempre.”
Do total de 20 filhos que Osvaldo teve, dois já faleceram, e sete não puderam participar do encontro na Páscoa, porém todos já se conheceram em março. O desejo da família agora é manter os laços vivos e seguir recuperando o tempo perdido.
“Eu nunca imaginei que seriam 16 irmãos a mais. A gente ouvia boatos, mas era tudo muito vago. Quando vi, nossa família tinha mais que dobrado”, disse Marli em meio a risos.
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