Dirigentes falam em decisão tomada, com poucas ‘arestas’. PSDB, que já presidiu o Brasil e polarizou cenário com o PT, corre risco de sumir após resultados ruins em eleições. O PSDB e o Podemos se preparam para anunciar, ainda este mês, uma fusão entre os partidos. Os ajustes finais foram confirmados ao g1 por dirigentes das duas legendas – o formato do anúncio ainda não está definido.
Segundo membros dos partidos, a oficialização do acordo deve dar início a uma segunda rodada de negociações. Nela, serão definidos o estatuto, o programa partidário e até o nome da “fusão”.
Quando for oficializado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o processo dará origem a um novo partido. Por enquanto, a fusão deve ser chamada apenas de “PSDB+Podemos”.
Juntos, os partidos podem chegar a ter a sétima maior bancada da Câmara, com 28 deputados.
“Podem”, neste caso, porque a Justiça Eleitoral permite que deputados migrem para outras siglas sem punição em cenários como esse, de fusão do partido de origem.
No Senado, o novo partido pode ser a quarta maior bancada da Casa, com 7 senadores. Com esse número, ficaria empatado com o União Brasil.
Dos dois lados, a avaliação é de que os detalhes da junção já estão “bem encaminhados”, com poucas “arestas”. Alguns pormenores ainda devem ser discutidos por uma comissão com dirigentes atuais do PSDB e do Podemos.
As pendências incluem, por exemplo, a definição de novos comandos nacionais e estaduais para unificar o partido.
Direita ou extrema direita; esquerda ou extrema esquerda: entenda as diferenças entre correntes políticas
2024: Como ficou o poder dos partidos depois das eleições municipais
Um ‘horizonte’ para o PSDB
O anúncio cumprirá a promessa do presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, de entregar aos tucanos, até o fim deste mês, um horizonte para o futuro do partido.
O PSDB entrou no ano pré-eleitoral pressionado por uma crise interna e com sinalizações de que os três governadores eleitos pela sigla poderiam deixar o ninho tucano.
Raquel Lyra (Pernambuco) já migrou para o PSD.
Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) ainda não fez anúncio oficial mas, segundo o blog da Ana Flor no g1, já decidiu também se filiar ao PSD.
Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul) ainda negocia com outras siglas. Oficialmente, assim como Leite, diz esperar uma definição sobre o futuro do PSDB.
A avaliação de tucanos é que fusão com o Podemos poderá estancar o declínio do PSDB – e garantir que o fator histórico da sigla seja mantido ao longo dos próximos anos.
Também há uma esperança (remota, na avaliação de parte dos dirigentes tucanos) de que o anúncio impeça Leite de deixar a sigla e ir para o PSD.
A parte descrente usa como argumento uma reunião recente sobre a fusão com o Podemos. Segundo relatos, Eduardo Leite desconversou ao ser questionado diretamente sobre a possibilidade de continuar no ninho tucano após a fusão.
Em fevereiro, o presidente do PSDB, Marconi Perillo, comentou a situação do partido em entrevista à GloboNews. Veja:
‘Ideal seria seguirmos solo, mas ficamos pequenos’, diz presidente do PSDB sobre possível fusão
Da presidência do Brasil ao risco de sumir
O PSDB, que já chegou a presidir o país e ocupar o topo do ranking de parlamentares eleitos, tem enfrentado debandada em todos os estados.
O declínio, segundo tucanos, é resultado direto das eleições de 2022, quando o PSDB registrou o pior desempenho eleitoral.
À época, mergulhado em divergências, a sigla se federou ao Cidadania, em uma tentativa de melhorar os seus resultados.
O resultado foi:
eleger a menor bancada da história dos tucanos na Câmara;
ficar sem bancada no Senado;
não indicar candidato ao Planalto pela primeira vez desde 1989;
perder o governo do estado de São Paulo, que estava nas mãos do partido há quase três décadas.
O temor do ninho tucano é que o processo de desidratação leve a um asfixiamento financeiro e a uma aceleração do desaparecimento do partido.
O motivo principal é o endurecimento da cláusula de barreira — regra que determina, com base em número de votos válidos e deputados eleitos, quais partidos terão direito a recursos públicos mensais para o funcionamento das siglas (fundo partidário) e ao tempo de propaganda em TV e rádio.
Em 2026, a distribuição destes recursos se dará com base nos resultados de 2022. Na prática, isso quer dizer que a fusão, ao ser oficializada, terá direito a um fundo partidário maior e a maiores fatias do fundo público de financiamento de campanha — o Fundo Eleitoral — e do tempo de rádio e TV.
A expectativa, dos dois lados, é que isso possibilite maior investimento em campanhas e favoreça a eleição de correligionários no próximo ano, o que driblaria a cláusula de barreira.
A partir de 2027, para que os partidos tenham direito ao tempo de TV e rádio e ao fundo partidário, será preciso:
obter, nas eleições de 2026, ao menos 2,5% dos votos válidos para a Câmara — distribuídos entre 9 estados com, no mínimo, 1,5% dos votos válidos em cada estado; ou
eleger, em 2026, no mínimo, 13 deputados distribuídos em pelo menos 9 estados.
Segundo membros dos partidos, a oficialização do acordo deve dar início a uma segunda rodada de negociações. Nela, serão definidos o estatuto, o programa partidário e até o nome da “fusão”.
Quando for oficializado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o processo dará origem a um novo partido. Por enquanto, a fusão deve ser chamada apenas de “PSDB+Podemos”.
Juntos, os partidos podem chegar a ter a sétima maior bancada da Câmara, com 28 deputados.
“Podem”, neste caso, porque a Justiça Eleitoral permite que deputados migrem para outras siglas sem punição em cenários como esse, de fusão do partido de origem.
No Senado, o novo partido pode ser a quarta maior bancada da Casa, com 7 senadores. Com esse número, ficaria empatado com o União Brasil.
Dos dois lados, a avaliação é de que os detalhes da junção já estão “bem encaminhados”, com poucas “arestas”. Alguns pormenores ainda devem ser discutidos por uma comissão com dirigentes atuais do PSDB e do Podemos.
As pendências incluem, por exemplo, a definição de novos comandos nacionais e estaduais para unificar o partido.
Direita ou extrema direita; esquerda ou extrema esquerda: entenda as diferenças entre correntes políticas
2024: Como ficou o poder dos partidos depois das eleições municipais
Um ‘horizonte’ para o PSDB
O anúncio cumprirá a promessa do presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, de entregar aos tucanos, até o fim deste mês, um horizonte para o futuro do partido.
O PSDB entrou no ano pré-eleitoral pressionado por uma crise interna e com sinalizações de que os três governadores eleitos pela sigla poderiam deixar o ninho tucano.
Raquel Lyra (Pernambuco) já migrou para o PSD.
Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) ainda não fez anúncio oficial mas, segundo o blog da Ana Flor no g1, já decidiu também se filiar ao PSD.
Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul) ainda negocia com outras siglas. Oficialmente, assim como Leite, diz esperar uma definição sobre o futuro do PSDB.
A avaliação de tucanos é que fusão com o Podemos poderá estancar o declínio do PSDB – e garantir que o fator histórico da sigla seja mantido ao longo dos próximos anos.
Também há uma esperança (remota, na avaliação de parte dos dirigentes tucanos) de que o anúncio impeça Leite de deixar a sigla e ir para o PSD.
A parte descrente usa como argumento uma reunião recente sobre a fusão com o Podemos. Segundo relatos, Eduardo Leite desconversou ao ser questionado diretamente sobre a possibilidade de continuar no ninho tucano após a fusão.
Em fevereiro, o presidente do PSDB, Marconi Perillo, comentou a situação do partido em entrevista à GloboNews. Veja:
‘Ideal seria seguirmos solo, mas ficamos pequenos’, diz presidente do PSDB sobre possível fusão
Da presidência do Brasil ao risco de sumir
O PSDB, que já chegou a presidir o país e ocupar o topo do ranking de parlamentares eleitos, tem enfrentado debandada em todos os estados.
O declínio, segundo tucanos, é resultado direto das eleições de 2022, quando o PSDB registrou o pior desempenho eleitoral.
À época, mergulhado em divergências, a sigla se federou ao Cidadania, em uma tentativa de melhorar os seus resultados.
O resultado foi:
eleger a menor bancada da história dos tucanos na Câmara;
ficar sem bancada no Senado;
não indicar candidato ao Planalto pela primeira vez desde 1989;
perder o governo do estado de São Paulo, que estava nas mãos do partido há quase três décadas.
O temor do ninho tucano é que o processo de desidratação leve a um asfixiamento financeiro e a uma aceleração do desaparecimento do partido.
O motivo principal é o endurecimento da cláusula de barreira — regra que determina, com base em número de votos válidos e deputados eleitos, quais partidos terão direito a recursos públicos mensais para o funcionamento das siglas (fundo partidário) e ao tempo de propaganda em TV e rádio.
Em 2026, a distribuição destes recursos se dará com base nos resultados de 2022. Na prática, isso quer dizer que a fusão, ao ser oficializada, terá direito a um fundo partidário maior e a maiores fatias do fundo público de financiamento de campanha — o Fundo Eleitoral — e do tempo de rádio e TV.
A expectativa, dos dois lados, é que isso possibilite maior investimento em campanhas e favoreça a eleição de correligionários no próximo ano, o que driblaria a cláusula de barreira.
A partir de 2027, para que os partidos tenham direito ao tempo de TV e rádio e ao fundo partidário, será preciso:
obter, nas eleições de 2026, ao menos 2,5% dos votos válidos para a Câmara — distribuídos entre 9 estados com, no mínimo, 1,5% dos votos válidos em cada estado; ou
eleger, em 2026, no mínimo, 13 deputados distribuídos em pelo menos 9 estados.