Reunião prepara o terreno para a COP em liderança, multilateralismo e transição energética Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e secretário-geral da ONU, António Guterres, se juntaram num esforço de mobilizar países em torno da COP 30.
Com atuação do embaixador da COP 30, André Correa do Lago, foi convocada uma reunião com líderes pelo clima e transição energética justa para esta quarta-feira (23).
A reunião ocorreu de modo virtual e fechada. Por parte do Brasil, além do presidente Lula e do embaixador Correa do Lago, também participaram o assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A reunião com representantes da ONU, diplomatas e líderes internacionais é parte da mobilização em torno da COP 30, que será realizada em Belém em novembro deste ano.
O encontro, descrito como “estratégico” pelo embaixador André Corrêa do Lago, é mais um passo no esforço global em torno do clima, em um contexto internacional considerado pouco favorável ao avanço de políticas ambientais. Puxado, principalmente com a saída dos EUA do Acordo de Paris e também pelo incentivo dado pelo presidente Trump para a exploração de combustíveis fosseis.
“Sabemos que o cenário global hoje não é o mais encorajador, mas há um impulso real para que a mudança climática volte ao centro do debate. Esta reunião é parte desse compromisso firme, inclusive do secretário-geral da ONU, de fortalecer a mobilização, especialmente junto aos chefes de Estado”, afirmou Corrêa do Lago.
O secretário-geral adjunto da Ação Climática da ONU, Selwin Hart também destacou a importância do encontro como parte de uma articulação diplomática maior.
“Estamos diante de um momento crítico. Os desastres climáticos estão se intensificando, o nível do mar está subindo, e isso afeta diretamente os mais vulneráveis. Mas também vemos um movimento positivo: uma revolução renovável em pleno curso.”
Corrida pelas NDCs
A reunião também será um momento de pedir aos países que apresentem as NDCs. Até o momento, apenas 19 países dos 196 signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima entregaram as NDCs com metas atualizadas.
O prazo inicial era fevereiro, mas foi estendido até setembro, por ainda faltarem muitas entregas. As NDCs são as metas determinadas por cada país para reduzir a emissão de combustíveis fósseis para evitar que o aquecimento da terra🔍ultrapasse 1,5ºC, conforme determinado no Acordo de Paris.
O Brasil apresentou sua NDC no ano passado, durante a COP 29 em Baku. Até o momento, grande emissores ainda não apresentaram suas metas como por exemplo, China e países da União Europeia.
🔍Os 19 países que já entregaram foram:
Brasil, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Uruguai, Suíça, Reino Unido, Nova Zelândia, Andorra, Equador, Santa Lucia, Ilhas Marshall, Singapura, Zimbabue, Canadá, Japão, Montenegro, Cuba, Maldives, Zambia.
Estados Unidos
Os Estados Unidos apresentaram sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) com metas para 2035 no fim do ano passado, ainda no governo Biden. Então, mesmo com a saída do Acordo de Paris, na gestão Trump, a NDC continua válida.
COP30 como vitrine para o multilateralismo
Segundo Hart, a COP30 tem o potencial de reafirmar a confiança mundial nas instituições multilaterais.
“Será o momento de mostrar que o Acordo de Paris ainda é nosso melhor instrumento para enfrentar a crise climática. A mensagem é clara: o mundo está avançando, com ou sem hesitação de alguns países.”
Questionado por jornalistas sobre a ausência dos Estados Unidos e o retrocesso ambiental promovido durante a administração Trump, Hart evitou críticas diretas, mas reforçou o foco no coletivo. “Apesar das incertezas, o restante do mundo segue em frente. Queremos que os líderes ouçam uns aos outros e reafirmem seu compromisso com soluções globais e com o multilateralismo.”
Corrêa do Lago acrescentou que, mesmo com a ausência formal dos EUA, há uma participação ativa de governadores e empresas americanas.
“O comprometimento subnacional nos Estados Unidos é real. Há ações importantes sendo tomadas fora do governo federal e por parte de empresas privadas.”
Financiamento climático e oportunidades econômicas
Outro tema central da reunião foi o financiamento. Para Corrêa do Lago, o debate não se restringe mais à meta de Baku, mas a um compromisso muito mais amplo.
“Precisamos repensar as bases do financiamento climático se quisermos atingir cifras como 1,3 trilhão de dólares. O Brasil defenderá transparência total nas negociações.”
Hart destacou que a crise climática também representa uma oportunidade econômica.
“No ano passado, 1,5 milhão de empregos foram criados no setor de energia renovável, que já representa 10% do PIB global. Não estamos apenas salvando ecossistemas — estamos criando alternativas econômicas reais.”
Além da falta da apresentação das novas NDCs, uma das dificuldades apontadas por especialistas diz respeito ao financiamento de ações climáticas. Cálculos do governo brasileiro dão conta de que são necessários US$ 1,3 trilhão para garantir recursos suficientes para medidas de proteção do meio ambiente.
Entretanto, a última COP, em Baku (Azerbaijão), no ano passado, chegou ao valor de US$ 300 bilhões, valor considerado pelo governo brasileiro “muito aquém” do necessário e que representou uma “decepção”.
Mesmo assim, há dúvidas na comunidade internacional se esse valor será atingido.
Além disso, o próprio presidente da COP30, André Corrêa do Lago, já disse que a saída dos Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris pode impactar as negociações da conferência no Brasil
Especialistas alertam que, como os Estados Unidos são a maior economia do mundo e a segunda emissora de gases de efeito estufa, as decisões do recém-empossado presidente Donald Trump na área ambiental podem ter impacto direto na luta global contra as mudanças climáticas.
Nesse cenário, o Brasil quer propor aos países do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul, por exemplo) que levem à COP30 uma posição conjunta sobre o financiamento climático. O governo Lula entende que, se o grupo apresentar uma proposta unificada, tem mais chance de aprová-la.
Segurança energética
Questionado sobre a segurança energética do mundo com o fim da exploração dos combustíveis fosseis, Hart afirmou que esse debate precisa atingir outro patamar.
“O debate não é entre combustíveis fósseis ou segurança energética. Em muitos países, energia renovável já é mais barata e acessível. Precisamos abandonar essa falsa dicotomia”, afirmou Hart.
Corrêa do Lago também defendeu um olhar integrado para as soluções energéticas. “A Agência Internacional de Energia tem sido extraordinária ao apontar caminhos. O Reino Unido, por exemplo, pode oferecer uma dinâmica importante ao debate sobre a transição energética.”
Com atuação do embaixador da COP 30, André Correa do Lago, foi convocada uma reunião com líderes pelo clima e transição energética justa para esta quarta-feira (23).
A reunião ocorreu de modo virtual e fechada. Por parte do Brasil, além do presidente Lula e do embaixador Correa do Lago, também participaram o assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A reunião com representantes da ONU, diplomatas e líderes internacionais é parte da mobilização em torno da COP 30, que será realizada em Belém em novembro deste ano.
O encontro, descrito como “estratégico” pelo embaixador André Corrêa do Lago, é mais um passo no esforço global em torno do clima, em um contexto internacional considerado pouco favorável ao avanço de políticas ambientais. Puxado, principalmente com a saída dos EUA do Acordo de Paris e também pelo incentivo dado pelo presidente Trump para a exploração de combustíveis fosseis.
“Sabemos que o cenário global hoje não é o mais encorajador, mas há um impulso real para que a mudança climática volte ao centro do debate. Esta reunião é parte desse compromisso firme, inclusive do secretário-geral da ONU, de fortalecer a mobilização, especialmente junto aos chefes de Estado”, afirmou Corrêa do Lago.
O secretário-geral adjunto da Ação Climática da ONU, Selwin Hart também destacou a importância do encontro como parte de uma articulação diplomática maior.
“Estamos diante de um momento crítico. Os desastres climáticos estão se intensificando, o nível do mar está subindo, e isso afeta diretamente os mais vulneráveis. Mas também vemos um movimento positivo: uma revolução renovável em pleno curso.”
Corrida pelas NDCs
A reunião também será um momento de pedir aos países que apresentem as NDCs. Até o momento, apenas 19 países dos 196 signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima entregaram as NDCs com metas atualizadas.
O prazo inicial era fevereiro, mas foi estendido até setembro, por ainda faltarem muitas entregas. As NDCs são as metas determinadas por cada país para reduzir a emissão de combustíveis fósseis para evitar que o aquecimento da terra🔍ultrapasse 1,5ºC, conforme determinado no Acordo de Paris.
O Brasil apresentou sua NDC no ano passado, durante a COP 29 em Baku. Até o momento, grande emissores ainda não apresentaram suas metas como por exemplo, China e países da União Europeia.
🔍Os 19 países que já entregaram foram:
Brasil, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Uruguai, Suíça, Reino Unido, Nova Zelândia, Andorra, Equador, Santa Lucia, Ilhas Marshall, Singapura, Zimbabue, Canadá, Japão, Montenegro, Cuba, Maldives, Zambia.
Estados Unidos
Os Estados Unidos apresentaram sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) com metas para 2035 no fim do ano passado, ainda no governo Biden. Então, mesmo com a saída do Acordo de Paris, na gestão Trump, a NDC continua válida.
COP30 como vitrine para o multilateralismo
Segundo Hart, a COP30 tem o potencial de reafirmar a confiança mundial nas instituições multilaterais.
“Será o momento de mostrar que o Acordo de Paris ainda é nosso melhor instrumento para enfrentar a crise climática. A mensagem é clara: o mundo está avançando, com ou sem hesitação de alguns países.”
Questionado por jornalistas sobre a ausência dos Estados Unidos e o retrocesso ambiental promovido durante a administração Trump, Hart evitou críticas diretas, mas reforçou o foco no coletivo. “Apesar das incertezas, o restante do mundo segue em frente. Queremos que os líderes ouçam uns aos outros e reafirmem seu compromisso com soluções globais e com o multilateralismo.”
Corrêa do Lago acrescentou que, mesmo com a ausência formal dos EUA, há uma participação ativa de governadores e empresas americanas.
“O comprometimento subnacional nos Estados Unidos é real. Há ações importantes sendo tomadas fora do governo federal e por parte de empresas privadas.”
Financiamento climático e oportunidades econômicas
Outro tema central da reunião foi o financiamento. Para Corrêa do Lago, o debate não se restringe mais à meta de Baku, mas a um compromisso muito mais amplo.
“Precisamos repensar as bases do financiamento climático se quisermos atingir cifras como 1,3 trilhão de dólares. O Brasil defenderá transparência total nas negociações.”
Hart destacou que a crise climática também representa uma oportunidade econômica.
“No ano passado, 1,5 milhão de empregos foram criados no setor de energia renovável, que já representa 10% do PIB global. Não estamos apenas salvando ecossistemas — estamos criando alternativas econômicas reais.”
Além da falta da apresentação das novas NDCs, uma das dificuldades apontadas por especialistas diz respeito ao financiamento de ações climáticas. Cálculos do governo brasileiro dão conta de que são necessários US$ 1,3 trilhão para garantir recursos suficientes para medidas de proteção do meio ambiente.
Entretanto, a última COP, em Baku (Azerbaijão), no ano passado, chegou ao valor de US$ 300 bilhões, valor considerado pelo governo brasileiro “muito aquém” do necessário e que representou uma “decepção”.
Mesmo assim, há dúvidas na comunidade internacional se esse valor será atingido.
Além disso, o próprio presidente da COP30, André Corrêa do Lago, já disse que a saída dos Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris pode impactar as negociações da conferência no Brasil
Especialistas alertam que, como os Estados Unidos são a maior economia do mundo e a segunda emissora de gases de efeito estufa, as decisões do recém-empossado presidente Donald Trump na área ambiental podem ter impacto direto na luta global contra as mudanças climáticas.
Nesse cenário, o Brasil quer propor aos países do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul, por exemplo) que levem à COP30 uma posição conjunta sobre o financiamento climático. O governo Lula entende que, se o grupo apresentar uma proposta unificada, tem mais chance de aprová-la.
Segurança energética
Questionado sobre a segurança energética do mundo com o fim da exploração dos combustíveis fosseis, Hart afirmou que esse debate precisa atingir outro patamar.
“O debate não é entre combustíveis fósseis ou segurança energética. Em muitos países, energia renovável já é mais barata e acessível. Precisamos abandonar essa falsa dicotomia”, afirmou Hart.
Corrêa do Lago também defendeu um olhar integrado para as soluções energéticas. “A Agência Internacional de Energia tem sido extraordinária ao apontar caminhos. O Reino Unido, por exemplo, pode oferecer uma dinâmica importante ao debate sobre a transição energética.”