‘O conclave é intimidador’, diz líder da Igreja Católica na Inglaterra

O cardeal Vincent Nichols descarta ser o próximo pontífice enquanto se prepara para votar no conclave. O líder da Igreja Católica na Inglaterra e no País de Gales, cardeal Vincent Nichols, disse que definitivamente não será o próximo pontífice, mas que está ansioso com o dever “intimidador” de escolher o sucessor do papa Francisco.
Após a morte de Francisco, o próximo pontífice será escolhido pelo Colégio dos Cardeais, que se reunirá em uma tradição conhecida como conclave. A data do conclave ainda não foi definida.
O cardeal Nichols está entre os mais de 100 religiosos que votará no conclave. Mas ele quase perdeu a oportunidade, pois está a apenas alguns meses de completar 80 anos, a idade limite para o direito ao voto.
O arcebispo de Westminster, nascido em Merseyside, no norte da Inglaterra, disse que pensou que não participaria mais de nenhum conclave. Mas quando ficou sabendo que o papa estava gravemente doente, pensou: “Oh, Senhor, isso vai acontecer comigo”.
O conclave, que tradicionalmente começa após um período de luto de duas semanas, reúne o Colégio de Cardeais na Capela Sistina do Vaticano em uma série de votações para escolher o próximo papa.
Teoricamente, qualquer homem católico batizado pode ser eleito papa, mas o escolhido geralmente é um cardeal.
Atualmente, há 252 cardeais e, embora todos possam participar do debate sobre quem deve ser escolhido, a restrição de idade para votar significa que apenas os 135 com menos de 80 anos podem votar.
O cardeal Nichols, que lidera seis milhões de católicos na Inglaterra e no País de Gales, disse que “nunca pensou” que votaria porque o Papa Francisco “não mostrou muitos sinais de estar parando” e parecia estar se recuperando de uma pneumonia dupla.
No entanto, ele minimizou qualquer sugestão de se eleito o próximo papa.
“Estou voltando para casa”, ele disse. “Pode ter certeza disso.”
O arcebispo de 79 anos disse que se encontrou com o Papa Francisco diversas vezes durante reuniões de alto nível em Roma, mas guarda duas lembranças especiais e duradouras.
“Uma em particular nunca me abandonou”, disse ele.
“Ele me disse: ‘Desde o momento da minha eleição como Papa, minha paz nunca me abandonou’. Apesar da pressão de tudo que ele teve que enfrentar, ele viveu perto de Deus.”
O cardeal Nichols também disse que tinha boas lembranças do último encontro deles, dois anos atrás.
Ele disse que um autor pediu que ele desse uma cópia de seu último livro ao papa Francisco.
“Dei o livro a ele e disse que o autor estava ‘muito interessado que você o tenha'”, disse Nichols.
“Ele voltou depois do almoço com um cartão escrito à mão e um exemplar de um de seus livros para eu dar como presente de retribuição. Isso foi bastante surpreendente.”
Após o funeral do papa Francisco no sábado, o cardeal Nichols se juntará aos outros cardeais para votar no 267º pontífice, que liderará os cerca de 1,4 bilhão de católicos do mundo.
Ele disse que a perspectiva era “francamente bastante intimidadora”.
E acrescentou que acreditava que os cardeais farão seu “melhor quando as portas do conclave forem fechadas”, pois nesse momento haverá “paz e oração entre nós”.
“Sei que preciso me recompor e ser um pouco mais criterioso em relação a todas as manobras políticas e às apostas de Paddy Power [uma casa de apostas britânica] e tudo isso, e dizer ‘na verdade, este é um grupo de homens tentando discernir a vontade de Deus'”, disse ele.
“É a única coisa que importa.”
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