
Conclusão é do estudo do Todos Pela Educação. Dados mostram uma trajetória de queda, tanto em Língua Portuguesa quanto em Matemática, nas escolas da rede municipal. Porto Alegre registra pior índice de aprendizagem de quem terminou o 9º
Porto Alegre enfrenta uma crise: os estudantes da cidade registraram o pior índice de aprendizagem entre 46 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes. É o que revela um levantamento do Todos Pela Educação, que analisou o desempenho de alunos do 5º e do 9º ano do Ensino Fundamental entre 2019 e 2023. O período inclui os anos de pandemia.
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Os dados mostram que a aprendizagem vem decaindo, tanto em Língua Portuguesa quanto em Matemática, nas escolas da rede municipal.
Conhecimentos de Português e Matemática entre 2019 e 2023
Como aponta a tabela acima, no 5º ano do ensino fundamental, apenas 37% dos estudantes demonstraram conhecimentos adequados em Língua Portuguesa. Outros 26% ficaram abaixo do nível básico, o que significa que não dominam habilidades consideradas fundamentais para essa etapa da formação. A situação se agrava no 9º ano: apenas 21% dos alunos atingiram o nível adequado, e 27% sequer chegaram ao básico.
Em Matemática, o cenário é ainda mais alarmante. No 5º ano, só 22% dos estudantes demonstraram aprendizado adequado, enquanto 38% estavam abaixo do básico. No 9º ano, a crise é ainda mais evidente: somente 5% alcançaram o nível de conhecimento esperado, enquanto 49% ficaram abaixo do mínimo.
Nos dois casos — Língua Portuguesa e Matemática — Porto Alegre ficou em último lugar entre as 46 cidades analisadas.
Desigualdades
A coordenadora de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, Natália Fregonesi, avalia que o problema não se resume à falta de recursos financeiros. Para ela, há uma questão estrutural de gestão educacional.
“A gente pode inferir que aqui não necessariamente seja um problema de falta de recursos para a educação. Claro que é importante que sempre tenha mais recursos pra educação, mas que nesse caso aqui existe um problema mesmo de gestão”, afirma Natália.
Outro ponto apontado por especialistas é o recorte social. A professora da Faculdade de Educação da UFRGS, Iana Gomes de Lima, lembra que a maior parte dos estudantes impactados pertence às populações pobres e pretas da capital, justamente aquelas que frequentam majoritariamente a rede municipal.
“É preciso que se tenha não só políticas educacionais, mas políticas sociais que permitam que esses alunos e alunas cheguem à escola com capacidade de aprender”, diz Iana.
Sala de aula
Reprodução/ RBS TV
Medidas anunciadas
O secretário municipal de Educação, Leonardo Pascoal, reconhece os resultados insatisfatórios e afirma que já estão em andamento ações para enfrentar o problema. Entre elas, programas específicos para recomposição da aprendizagem e a criação de um referencial curricular próprio, alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
“Nesse horizonte de quatro anos, Nós já prevíamos um conjunto de ações justamente para recompor aprendizagens, construir um referencial curricular para Porto Alegre, alinhado com a Base Nacional Comum Curricular, para que a gente possa, junto com outras ações, colher resultados melhores”, comenta Pascoal.
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