
Segundo Victor Santiago, de 19 anos, o bebê caiu da rede duas vezes enquanto estava sob os cuidados da mãe, uma adolescente de 15 anos que está grávida novamente. O caso segue sob investigação da Polícia Civil. Pai nega maus-tratos à bebê de 10 meses que morreu no bairro Salvação, em Santarém
Um dia após a morte de um bebê de 9 meses na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santarém, oeste do Pará, o pai da criança, Victor Santiago, 19 anos, se manifestou nesta segunda-feira (12) e negou que ele ou a companheira tenham cometido maus-tratos contra o filho. Segundo ele, o filho teria caído da rede e não foi socorrido de imediato porque enfrentaram dificuldades para conseguir ajuda.
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O caso aconteceu na madrugada de sábado (10), no bairro Salvação. O atestado de óbito da UPA indica que a causa da morte foi traumatismo craniano. A Polícia Civil e o Instituto Médico Legal (IML) foram acionados para apurar as circunstâncias do óbito, que segue sob investigação.
Victor relatou que no momento da queda ele estava do lado de fora do barraco onde morava com a companheira, enquanto a mãe do bebê, que está grávida de três meses, estaria preparando o mingau do bebê e o havia deixado sozinho na rede.
Quando ele entrou no barraco, o bebê já estava novamente t8nha sido colocadona rede pela mãe, e o casal resolveu jantar. Depois de um tempo, perceberam que o bebê apresentava sinais de palidez.
“Ele me chamou para ajudar a socorrer ele, e quando entrei vi que ela já tinha juntado ele do chão e colocado na rede. Tentei ligar pro Samu, mas a ligação não completava. Também tentei acionar a polícia, mas nada. Liguei pra minha irmã, que saiu procurando uma viatura, mas não encontrou. Foi um vizinho quem ajudou a levar a gente pra UPA depois de um tempo”, contou.
O casal, que está junto há cerca de três anos, vive em situação de vulnerabilidade social em um barraco de madeira improvisado. Vizinhos relataram que o ambiente era insalubre e frequentemente havia discussões entre os dois. Alguns vizinhos também disseram já ter testemunhado situações de possível negligência com a criança.
Na UPA, os profissionais de saúde que atenderam o bebê acionaram o Conselho Tutelar II ao suspeitarem da versão dos pais. Segundo relato de um conselheiro, a criança apresentava lesões na face e nos olhos, o que motivou a recomendação para registro de boletim de ocorrência e a realização de perícia pelo IML.
A Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca) ouviu o pai do bebê no sábado (10). A mãe adolescente passou por escuta psicológica. A Polícia Civil informou que outras testemunhas também já foram ouvidas e que o caso segue sendo investigado.
Segundo o delegado Jamil Casseb, superintendente da Polícia Civil no Baixo Amazonas, todas as providências foram tomadas desde o início da investigação.
“A gente lamenta profundamente essa fatalidade que ocorreu com a criança, uma situação muito delicada e grave que merece toda a atenção para se apurar a verdade dos fatos. Todas as perícias foram solicitadas. As testemunhas que presenciaram ou tiveram contato imediato com a situação foram ouvidas, e a gente aguarda o resultado dessas perícias para determinar o que realmente aconteceu”, afirmou.
Casseb reforçou que a investigação será criteriosa: “A dinâmica dos fatos, as lesões apresentadas pela criança e o motivo dessas lesões serão apurados com seriedade. A autoridade policial vai formalizar sua convicção e dar o encaminhamento necessário para que a verdade apareça.”
Sobre o histórico de quedas da criança, Casseb afirmou que essas informações serão analisadas no inquérito e podem levar a responsabilizações. Ele reforçou ainda a importância da denúncia por parte da população em casos de violência ou negligência com grupos vulneráveis.
“Situações como essa precisam ser imediatamente comunicadas à polícia ou ao Conselho Tutelar. Existem canais como o Disque 100, o 190 e o Disque Denúncia. Toda a sociedade deve estar atenta e mobilizada para proteger nossas crianças”, finalizou.
O corpo do bebê foi sepultado na manhã de domingo (11). O pai e a mãe não compareceran ao velório nem ao enterro.
Barraco improvisado onde a família morava
Gleilson Nascimento / g1
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