Empresário investigado por lavar dinheiro do tráfico recebeu R$ 18 milhões de viúva do marchand Jean Boghici como ‘comissão’

Polícia apura se Jonnathan Ianovich usa o mercado de obras de arte para legalizar dinheiro ilícito de bandidos; inclusive para o Comando Vermelho. Operação interditou sua mansão no Novo Leblon, condomínio de luxo na Barra, onde foram achados dólares e até fuzis. Empresário investigado por lavar dinheiro do tráfico recebeu R$ 18 milhões de viúva do marchand Jean Boghici
A investigação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio aponta que o empresário Jonnathan Ianovich usava obras de arte como base de um grande esquema de lavagem de dinheiro, para movimentar valores milionários de origem ilegal.
Preso em São Paulo, Ianovich é suspeito de atuar como operador financeiro e de vender armas para o Comando Vermelho.
A investigação identificou transações bancárias entre Ianovich e Genevieve Boghici, viúva do renomado marchand Jean Boghici, morto em 2015.
Entre abril e maio de 2021, Genevieve transferiu mais de R$ 18 milhões para Ianovich, que alegou ter recebido a quantia como comissão pela venda de uma obra de arte no valor de R$ 180 milhões para um suposto cliente na Argentina.
No entanto, o investigado jamais apresentou documentação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que comprovasse a transação.
A ligação entre Ianovich e Genevieve reacende os holofotes sobre a família Boghici, que já havia sido envolvida em um escândalo em 2022, quando Sabine Boghici, filha de Genevieve, foi acusada de aplicar um golpe de R$ 724 milhões na própria mãe, roubando quadros de artistas como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.
Sabine morreu no ano seguinte. No ano seguinte, ela morreu ao cair de um prédio, deixando uma carta de despedida; a polícia investigou o caso como suicídio.
Mansão de luxo e arsenal
Mansão de suspeito de lavar dinheiro do CV é avaliada em R$ 25 milhões
O RJ2 teve acesso exclusivo à mansão de Ianovich, localizada no Novo Leblon, um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Avaliada em mais de R$ 25 milhões, a residência de três andares conta com piscina, academia, boate com bloqueador de sinal de celular e até um elevador interno.
Durante a operação, a polícia encontrou um verdadeiro arsenal: fuzis, pistolas, 18 mil dólares em espécie e um armário com diversos cofres.
Em um caminhão estacionado próximo à casa, foram localizadas obras de arte que agora estão sendo avaliadas por especialistas para determinar sua origem e valor.
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Conexões com o tráfico e armas de guerra
A operação também levou à prisão de Eduardo Bazzana, dono de um clube de tiro em Americana (SP), acusado de vender armas para o Comando Vermelho.
Com ele, foram apreendidas 200 armas, 40 mil munições e três carros de luxo, incluindo um Cadillac de mais de R$ 2 milhões.
A investigação segue em andamento e deve aprofundar as conexões entre o tráfico de drogas, o mercado de arte e o uso de empresas de fachada para movimentar recursos ilícitos.
A TV Globo tenta contato com a defesa dos citados.
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