Dólar começa o dia atento ao IPCA, medidas para equilibrar contas públicas e reunião China-EUA


Na segunda-feira, a moeda americana fechou em queda de 0,14%, a R$ 5,5619, renovando o menor patamar desde outubro. Bolsa de valores recuou 0,30%, aos 135.669 pontos. Cotação do dólar mostra menor confiança na economia brasileira devido a gastos e dívidas do governo
Jornal Nacional/ Reprodução
O dólar inicia o pregão desta terça-feira (10) ainda de olho no andamento das negociações comerciais entre Estados Unidos e China sobre tarifas e à espera da divulgação do novo pacote do governo brasileiro para equilibrar as contas públicas.
Na véspera, a moeda americana operou em alta no início do pregão, mas acabou fechando em queda de 0,14%, a R$ 5,5619, renovando o menor patamar desde outubro. A bolsa de valores recuou 0,30%, aos 135.669 pontos.
▶️ Hoje, os investidores repercutem a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, de maio. A projeção do mercado indica que os preços subiram 0,37% em maio, abaixo dos 0,43% registrados em abril.
▶️ O mercado também está à espera da divulgação de um novo pacote do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para compensar a provável revogação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que abalou os mercados nas últimas semanas.
Algumas das ações que estão sendo discutidas foram antecipadas no domingo (8), como o fim da isenção de Imposto de Renda (IR) para títulos de investimento como LCI e LCA e o aumento da taxação das apostas esportivas. No entanto, as medidas só devem ser comunicadas oficialmente após uma reunião do Haddad nesta terça com o presidente Lula, que acaba de voltar da França.
▶️ No exterior, os investidores monitoram o segundo dia de negociações comerciais entre Estados Unidos e China sobre tarifas de importação. O secretário do Comércio, Howard Lutnick, disse a repórteres que as conversas estão indo bem e devem durar o dia todo nesta terça.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar

a
Acumulado da semana: -0,14%;
Acumulado do mês: -2,73%;
Acumulado do ano: -10%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: -0,30%
Acumulado do mês: -0,97%;
Acumulado do ano: +12,82%.
IPCA de maio
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta terça-feira (10), às 9h, o IPCA, considerado a inflação oficial do país.
O mercado financeiro projeta que os preços subiram 0,37% em maio, uma desaceleração em relação ao aumento registrado em abril, de 0,43%, com uma menor pressão vinda dos alimentos e das passagens aéreas.
A alta, por outro lado, deve ser puxada pelos preços da energia elétrica, por causa da bandeira amarela nas contas de luz, e pelo reajuste nos preços dos medicamentos.
Apesar da desaceleração, a inflação deve seguir acima do teto da meta, de 4,5% ao ano. A estimativa do mercado é que os preços vão subir 5,44% em 2025, de acordo com o relatório “Focus” divulgado nesta segunda-feira (9) pelo Banco Central (BC).
Os investidores acompanham de perto esse cenário porque ele tem feito o BC manter a taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, em patamar elevado (14,75%).
🔎 A lógica é que juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
Impasse do IOF
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite de domingo (8) que o governo pretende editar uma medida provisória (MP) para aumentar a arrecadação dos cofres públicos. A expectativa é que, dessa forma, o governo consiga “recalibrar” o decreto sobre a alta do IOF.
A equipe econômica se reuniu com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), além de líderes partidários, para tentar chegar em um consenso com relação a alterativas sobre o aumento do tributo.
Entre as medidas anunciadas, além da recalibragem do decreto do IOF, estão:
o fim da isenção do Imposto de Renda para títulos de investimento como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), que vão passar a ter alíquota de 5%;
o aumento de 9% para 15% e 20% da tributação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para instituições financeiras, o que inclui fintechs;
a alta da taxação das apostas esportivas de 12% para 18%.
O governo também afirmou que pretende reduzir o gasto tributário em pelo menos 10% e discutir a redução de gastos primários.
Apesar disso, a proposta ainda foi mal recebida pelo mercado. Os analistas avaliam que o governo deveria focar em discutir a eficiência dos gastos públicos e em promover reformas estruturais, em vez de apenas propor novas formas de arrecadação.
O anúncio do decreto sobre a alta do IOF foi divulgado há pouco mais de duas semanas pelo governo, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano. O objetivo seria equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
No entanto, o mercado reagiu mal à decisão, o que levou o governo a recuar no mesmo dia de parte da medida. Além disso, o Congresso começou a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial sobre o aumento de imposto, algo inédito nos últimos 25 anos.
O governo, então, buscou os presidentes da Câmara e do Senado para negociar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF.
Equipe econômica apresenta medidas pra compensar aumento do IOF
EUA x China
Representantes dos Estados Unidos e da China voltaram a se encontrar na manhã desta terça-feira (10), em Londres, na Inglaterra, para discutir um novo acordo comercial e buscar uma solução para a guerra tarifária iniciada por Donald Trump.
A reunião começou por volta das 6h30, no horário de Brasília (DF), no Palácio de Lancaster House. Este é o segundo dia de discussões presenciais, que também incluem negociações sobre o acesso a minerais de terras raras — fundamentais para a indústria de tecnologia.
Do lado norte-americano, participam das tratativas o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial, embaixador Jamieson Greer. Já a comitiva chinesa é liderada pelo vice-primeiro-ministro He Lifeng.
Lutnick disse a repórteres que as negociações comerciais com a China estão indo bem e devem durar o dia todo nesta terça.
“Estou recebendo bons relatos. Tudo está indo bem com a China. Mas a China não é fácil”, declarou Trump nesta segunda-feira, após a primeira reunião.
Washington e Pequim ainda tentam se entender após a trégua temporária sobre tarifas, firmada em 12 de maio, em Genebra, na Suíça, que reduziu as tensões comerciais. Depois do acordo, os EUA passaram a acusar a China de não cumprir seus compromissos, especialmente no que diz respeito à exportação de terras raras.
A situação é acompanhada de perto por investidores preocupados com a possibilidade de uma guerra comercial caótica prejudicar os lucros corporativos e interromper as cadeias de suprimentos nos meses cruciais que antecedem a temporada de compras de fim de ano.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da maior economia do mundo e até a uma recessão global.
Representantes da China e dos EUA se reúnem em Londres para discutir tarifas
*Com informações da agência de notícias Reuters.

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