Vereador é flagrado em áudio pedindo parte do salário de assessor em Pontal do Paraná: ‘É tudo dividido’


Ministério Público investiga o caso. Assessor alega que foi demitido após se recusar a participar do esquema. Defesa do vereador Nei da Pesca (Novo) diz que ele colabora com as autoridades. Gaeco investiga esquema de rachadinha em Pontal do Paraná
O vereador Valdinei Vicente da Silva, conhecido como “Nei da Pesca” (Novo), foi flagrado, em áudio, pedindo parte do salário e o vale-alimentação de um assessor em Pontal do Paraná, no litoral do estado.
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A prática criminosa é conhecida como “rachadinha” e consiste na retenção e desvio de parte dos salários de servidores públicos para o político que os nomeou ou que exerce influência sobre a nomeação.
A defesa do vereador afirma que ele colabora com as autoridades.
No áudio, que faz parte de uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná (MP-PR), o vereador explica o porquê queria ficar com parte dos salários.
“As pessoas que foram boas a gente quer perto da gente. Lógico que na Câmara tem todo o esquema, na Câmara. Então tem que pegar pessoas que entendem do esquema na Câmara. Não adianta. O vereador precisa juntar dinheiro… Então é melhor você fazer o jogo e ficar quatro [anos], mais quatro, mais quatro, mais quatro… do que você não fazer o jogo, ficar quatro e ir embora, entendeu?”, afirma Nei da Pesca.
Em outro trecho, Nei da Pesca reforça que “é tudo dividido”.
“É tudo dividido, você tá entendendo? ‘Ah, Nei, esse mês não posso dar, estou precisando’. Ou vamos fazer o seguinte: ‘Eu te ajudo, mas o décimo deixa para mim, porque eu preciso, também tenho conta, tenho família…’ Então, um tem que ajudar o outro. Para quê? Para manter a roda rodando”, diz o vereador.
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Investigações
Gaeco fez buscas na Câmara de Pontal do Paraná
Câmara Municipal de Pontal do Paraná
Nesta terça-feira (10), o Gaeco fez buscas na casa do vereador e também na Câmara Municipal de Pontal do Paraná. Foram apreendidos celulares e documentos, que deverão passar por perícia.
As investigações apontam que o assessor foi demitido meses depois de assumir o cargo. O motivo, segundo o depoimento do assessor, seria a recusa em participar do esquema de rachadinha.
Ao Gaeco, o ex-assessor afirmou que recebia R$ 7.200 de salário bruto, mais um vale-alimentação de R$ 1.200. Conforme o homem, o vereador informou que ele precisaria devolver R$ 3 mil e o vale-alimentação. Quem receberia os valores, seria a esposa do vereador.
“Se você falar: ‘Ah, Nei, mas eu quero pegar os 3 conto e o cartão também é meu, 4 conto e acabou’. Ah, beleza, vou te dar os 4 conto, mas daqui a um mês vou te mandar embora, porque se for desse jeito contigo, daqui 4 anos eu não vou ser eleito, nem tu, nem eu”, diz o vereador em outro trecho do áudio.
A Justiça determinou a quebra do sigilo dos dados do celular do vereador.
Segundo o Ministério Público, ele deverá responder por concussão – crime que consiste na exigência de vantagem indevida por um funcionário público, em razão da função que exerce. A pena varia de dois a doze anos de prisão, além de multa.
Vereador Nei da Pesca
Redes Sociais
O que dizem os citados?
A defesa do vereador Nei da Pesca informou que ele colaborou com o cumprimento da medida judicial, disponibilizando todos os documentos e informações solicitados.
Reforçou que o vereador confia na Justiça e que “reafirma o compromisso com a legalidade, a transparência e o respeito às instituições”.
A Câmara de Vereadores de Pontal do Paraná informou que, caso as investigações confirmem irregularidades, vai abrir um processo disciplinar e que o vereador pode ser afastado ou cassado do cargo.
O Partido Novo afirmou que encaminhou um pedido de suspensão da filiação partidária do vereador.
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