
Percentual de oriundos da rede pública também é alto entre quem frequentou cursos de pós-graduação. Dados são da PNAD Contínua da Educação de 2024, divulgada pelo IBGE. Sala de aula na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)
UCDB/Reprodução
7 a cada 10 pessoas que já frequentaram algum curso do ensino superior no Brasil estudaram todo o ensino médio em escolas da rede pública. Comparativamente, apenas 2 pessoas a cada 10 que frequentaram o ensino superior são oriundas da rede privada.
O dado faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua da Educação de 2024, realizada pelo IBGE e divulgado nesta sexta-feira (13). O número não diz respeito apenas aos que estudavam em 2024, mas considera pessoas que, em algum momento, frequentaram o ensino superior, mesmo que não necessariamente tenham concluído a etapa.
As pessoas que estudaram o ensino médio na rede pública também são maioria entre aquelas que frequentaram cursos de especialização, mestrado ou doutorado, sendo quase 6 a cada 10.
Pessoas que frequentaram ensino superior, especialização, mestrado ou doutorado, por curso mais elevado que frequentou e rede do ensino médio frequentado.
Arte: Gui Souza/g1 (Dados da PNAD Contínua da Educação 2024)
Para William Araújo Kratochwill, pesquisador do IBGE responsável pela divulgação dos dados, estes números podem ser resultado das políticas de cotas e programas de bolsas para alunos oriundos da rede pública e pessoas de baixa renda.
Pode, sim, ter relação com políticas de inclusão, como cotas para alunos da rede pública e programas como Prouni e Fies, que focam principalmente em alunos de baixa renda, que geralmente estudaram em escolas da rede pública de ensino.
O ensino superior segundo a PNAD Educação 2024
A PNAD da Educação de 2024 revela um aumento na proporção de pessoas com nível superior completo. Em 2023, 19,7% das pessoas com 25 anos ou mais de idade tinham concluído o ensino superior. Em 2024, essa proporção pulou para 20,5%, o nível mais alto desde o início da série histórica, em 2016.
O levantamento também destaca um crescimento no percentual de estudantes pretos e pardos em cursos de graduação tecnológicos e tradicionais. Apesar do crescimento, brancos ainda são maioria nestes cursos.
Essa diferença também reflete na taxa de frequência escolar líquida de alunos de 18 a 24 no ensino superior. O recorte considera a frequência escolar adequada dos alunos com relação a quem não estuda e quem já concluiu a etapa.
O resultado é que a taxa de frequência é muito maior entre os brancos (37,4%) do que entre pretos e pardos (20,6%). Na média nacional, a taxa de frequência ficou em 27,1% em 2024, muito abaixo dos 33% definido pela meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE) para o ano.
Distribuição por cor ou raça da frequência no ensino superior entre a população de 18 a 24 anos.
Arte: Gui Souza/g1 (Dados da PNAD Contínua da Educação 2024)
Outros destaques da PNAD Educação 2024
Em 2024, o Brasil tinha 9,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais de idade analfabetas, correspondendo a uma taxa de analfabetismo de 5,3%, a menor da série histórica iniciada em 2016. Essa taxa recuou de 6,7%, em 2016, para 5,4%, em 2023 e para 5,3%, em 2024.
A proporção de pessoas de 25 anos ou mais de idade que terminaram a educação básica obrigatória no país (pelo menos o ensino médio) chegou a 56,0% em 2024, maior percentual da série iniciada em 2016 (46,2%).
A escolaridade média das mulheres (10,3 anos) continua superior à dos homens (9,9 anos). As pessoas brancas alcançaram 11,0 anos de estudo e as pessoas pretas ou pardas, 9,4 anos.
Entre os jovens de 14 a 29 anos do país, 8,7 milhões não haviam completado o ensino médio em 2024, por terem abandonado a escola sem concluir essa etapa ou por nunca a terem frequentado. Em 2023, esse contingente era de 9,3 milhões e em 2019, chegava a 11,4 milhões.
Em 2024, entre as pessoas com 15 a 29 anos de idade no país, 18,5% não estavam ocupadas, nem estudavam ou se qualificavam. Em 2023, esse percentual era 19,8% e, em 2019, de 22,4%.
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