Conheça as cidades mais católica e evangélica do país; ambas ficam no Rio Grande do Sul


Dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Montauri, 98,3% dos entrevistados são fiéis da Igreja Católica. Em Arroio do Padre 88,7% da população ouvida pelo Censo de 2022 disse seguir a religião evangélica. Igrejas em Montauri e Arroio do Padre, respectivamente
Reprodução/ RBS TV
Em um país de diversas crenças como o Brasil, duas pequenas cidades do Rio Grande do Sul se destacam por números expressivos quando o assunto é religião. De um lado, Montauri, com menos de 1,5 mil habitantes, carrega o título de cidade mais católica do país. Do outro, Arroio do Padre, com pouco mais de 2,5 mil moradores, é o município mais evangélico.
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Em Montauri, a fé católica está esculpida nas fachadas das casas, nas mãos que limpam a igreja aos domingos e nas promessas cumpridas com devoção. Já em Arroio do Padre, a tradição evangélica luterana pulsa nos cultos, nas torres das igrejas e nas histórias que atravessam gerações desde os primeiros imigrantes pomeranos.
Mas o que faz com que essas comunidades mantenham tamanha religiosidade? A resposta está na colonização, na força da tradição familiar e no papel social que a fé desempenha. Veja abaixo.
Montauri: onde a fé católica é quase unanimidade
Montauri é a cidade mais católica do Brasil
O município de Montauri, no Norte do RS, foi classificado como o mais católico do Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no dia 6 de junho, mostraram que 98,3% dos 1366 entrevistados são fiéis da Igreja Católica.
A presença da fé cristã está por toda parte. Do pórtico de entrada, até o exterior e interior das casas. A dona Ermelinda Terezinha Toffoli, por exemplo, tem uma imagem de Nossa Senhora na varanda de casa.
O que explica a dominância católica?
Montauri, assim como as outras oito cidades gaúchas que estão entre as dez mais católicas do país, tem colonização italiana. Segundo o Padre Valcir Rizzardi, as famílias até hoje mantêm a religião dos antepassados que chegaram na região.
“(Essa devoção é) devido à nossa cultura aqui, que prevalece mais ou menos a mesma porcentagem, de 98 até 99%, são todos de cultura italiana. E aí eles essa prevalência maior, porque devido também a isso (a religião) vem, nasce também da Itália, dessa região toda, que são todos migrantes que vieram para esses lados”, diz o padre, que há cinco anos está em Montauri.
O prefeito, Nelcir Stefenon, também atribui a fé católica atual ao passado.
“Eu acredito que desde as primeiras colonizações italianas foi o que trouxe a religião católica, e a partir disso, com certeza, teve um vínculo muito grande aqui na nossa comunidade montauriense”, comenta Stefenon.
Igreja Católica, em Montauri, no RS
Reprodução/ RBS TV
Igreja além da fé
Atualmente, segundo o IBGE, são menos de 1,5 mil habitantes em Montauri. A comunidade, majoritariamente de descendência italiana, tem a igreja como auxiliadora da população.
A orientadora educacional Renata Valiatti conta que a devoção da comunidade é ponto fundamental para dar força a igreja e a própria população.
“Você percebe que faz parte da rotina. A igreja, a oração, muitos avisos são dados ainda pela sonora [da igreja]. Quando falece alguém é comunicado pela sonora. Somos um município pequeno que se organiza muito em cima da cultura e da religiosidade. Então, ainda surpreende que as pessoas ainda consigam se organizar dessa forma e manter a sua oração, a sua fé em cima dessa comunidade cristã”, explica.
Cidade mais evangélica do país fica no Sul do estado
Estudos apontam Arroio do Padre como a cidade mais evangélica do país
Dos 2.599 habitantes de Arroio do Padre, na região Sul, quase 88,7% da população ouvida pelo Censo de 2022 disse seguir a religião evangélica. Proporção que cresceu nos últimos anos, visto que, no Censo realizado em 2010, 86% da população dizia ser evangélica. A pesquisa conversou com 2.353 pessoas com mais de 10 anos de idade no município.
Os dados não são novidade para quem vive na cidade. A religião luterana, vertente evangélica, veio em 1850 com as primeiras famílias pomeranas que se instalaram na localidade onde hoje fica Arroio do Padre.
No centro da zona urbana, é a torre de uma das igrejas luteranas que chama a atenção de quem passa. A construção é uma das três que ficam nessa área, cada uma com uma grande comunidade de fiéis.
Joelma, natural de Pelotas, veio ainda jovem para o município e se converteu à religião do marido:
“Isso é uma tradição aqui no Arroio do Padre, que vem desde os primeiros, né? Que vieram de longe. Dos avós, bisavós do meu marido aí eu entrei junto depois”, conta.
Dono de uma farmácia, Jeferson Maciel também reconhece a força da religião:
“A gente tem uma ou duas comunidades católicas só, o resto, todas as comunidades são evangélicas. Então eles cultuam e preservam a religião com muito entusiasmo”, comenta.
O município tem apenas duas comunidades católicas, São Luiz e Sagrada Família, segundo a Arquidiocese de Pelotas. Ambas ficam na região da colônia, no interior do município.
Origem do nome
Tanto quanto as igrejas evangélicas, o nome do município chama atenção apesar da predominância dos pastores. As histórias da comunidade sobre a origem desse nome passam por várias versões, desde um padre que se banhava no arroio que cruza o município à um pároco que liderava a antiga feitoria onde o município se instalou. Oficialmente, nenhuma das versões foi documentada.
Igreja Luterana, em Arroio do Padre, no RS
Reprodução/ RBS TV
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