
Veja história de três famílias que entraram para sistema de adoção. como e quem pode adotar Maria Edurada, Humberto Lima e Kelly Cris
Divulgação
Segundo panorama feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 96 crianças aguardam por uma família no Distrito Federal. No entanto, o perfil mais procurado pelos candidatos — crianças com menos de seis anos, sem irmãos e que não são pessoas com deficiência (PCDs) — representa apenas 8 crianças, e todas já estão vinculadas a alguma família.
Enquanto isso, segundo relatório do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), 480 famílias estão habilitadas para adotar, mas 80% dessas famílias querem apenas crianças com até seis anos. Há apenas 29 crianças nessa faixa etária disponíveis para adoção (veja abaixo perfil das crianças disponíveis para adoção).
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp.
O g1 conversou com duas famílias que não se fecharam à ideia de um perfil idealizado. Kelly Cris iniciou o processo três vezes. Já Renata e Bernardo buscavam um grupo de até três irmãos com até 7 anos, mas acabaram adotando quatro irmãos, o mais velho tendo 11 anos (saiba mais abaixo).
Por que adotar?
Aumentam adoções de irmãos no país
A presidente do grupo Aconchego – organização da sociedade civil que trabalha pelo direito à convivência familiar e comunitária em Brasília–, Soraya Pereira, que também tem filhos por adoção, acredita que falta conhecimento sobre as crianças que podem ser adotadas.
“Nós temos um problema de crenças, de ignorância, no sentido de ignorar mesmo o que é um desenvolvimento infantil, o que é uma criança. Quando a gente começa a clarear, quando os candidatos começam a ouvir depoimentos, quando eles começam a ter contato com a criança um pouco mais velha, a tendência é ampliar o perfil”, afirma Soraya Pereira.
Perfil das crianças que aguardam adoção no DF
Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 96 crianças e adolescentes aguardam por adoção no Distrito Federal. A maioria tem entre 6 e 18 anos e não possui necessidades especiais. No entanto, o número de crianças com irmãos ou com perfis menos procurados ainda é alto, o que dificulta a formação de novas famílias.
Conheça a história das famílias
Kelly Cris era solteira e morava em São Paulo quando decidiu dar início ao processo de adoção, mas não chegou a fazer o curso de habilitação. Em 2020, depois de vir para Brasília, teve que dar entrada em um novo processo.
Em 2021 ela se casou e deu início ao terceiro processo de adoção para incluir o seu marido, com quem fez pela sua segunda vez o curso de preparação.
Kelly conta que desde a adolescência quando fazia trabalho voluntário em abrigos, queria adotar, independentemente de ter filhos biológicos.
Quando casou com Humberto Lima ele já tinha uma filha, Maria Eduarda. Agora, os três esperam animados que a família seja ampliada.
Seguindo as indicações da 1ª Vara da Infância e da Juventude (VIJ), eles fizeram o curso de capacitação e conheceram outras famílias formadas a partir da adoção.
Inicialmente, buscavam uma criança de até 7 anos. Porém, com o decorrer do tempo a família decidiu ampliar o perfil de busca para adolescentes, acelerando o processo de adoção. Eles ainda estão na lista de espera, mas preparados para o desafio de se tornarem pais e irmã.
“Algo nos tocou, nunca foi nossa ideia adotar adolescentes, mas a gente se sensibilizou”, diz Kelly.
Renata Pereira e Bernardo Filho eram casados há 20 anos quando decidiram adotar um grupo de até três 3 irmãos, com até 7 anos de idade. Mas, ao conhecerem a realidade dos abrigos descobriram que, na maioria dos casos de irmãos destituídos do poder familiar, o mais velho sempre tinha mais do que 7 anos.
Família de Renata e Bernardo filho ao adotarem as crianças e atualmente
Initial plugin text
Bernardo e Renata conversaram e decidiram aumentar a “idade limite” para 11 anos. No fim das contas, eles adotaram quatro irmãos.
Na época, Gabriel tinha 4 anos, Raphael (6), Samira (10) e Davi (11). Já faz 7 anos que a família aumentou, e além do crescimento das crianças, agora a família funciona em uma nova configuração.
O casal se separou. Porém, isso não os impediu de continuar sendo uma família “unida e amorosa” como Renata nos conta. Todos ainda moram juntos, viajam e celebram as datas festivas, agora com o padrasto João Carlos, que também tem um filho por adoção.
O amor que a gente sente um pelo outro é amor ainda. Ele só modificou a forma que ele se expressa, então nós convivemos todos na mesma casa, cada um com a sua independência, e a gente divide os cuidados com os nossos filhos. (…) Então a nossa família, ela se mantém viva, amorosa e unida”, diz Renata.
Saiba mais sobre adoção
👨👩👧👦 O que é adoção?
A adoção é um direito da criança ou adolescente quando impossibilitados de ficar com sua família natural. A adoção dá total direito de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, sendo uma decisão irrevogável.
👨👧👦 Quem pode adotar?
Toda pessoa maior de 18 anos, independente do estado civil, desde que seja 16 anos mais velha que a criança ou adolescente que será adotado.
🏫 Como é feita a preparação para a adoção?
Para adotar, é preciso fazer um curso obrigatório antes de dar entrada no processo de habilitação, o curso prepara emocionalmente o adulto interessado em adotar e explica os direitos e deveres no processo de adoção. No DF, esse curso é oferecido pela 1ª Vara da Infância e da Juventude (veja como entrar em contato ao final da matéria).
A equipe da Vara também recomenda ler e se informar sobre adoção, e participar de encontros com outras pessoas que querem adotar, no DF, esses encontros são organizados pelo grupo Aconchego.
📝 Como é o processo de adoção no DF?
A o processo de adoção no DF é dividido em etapas que garantam a segurança e uma saudável adaptação a todos os envolvidos, com foco em não acarretar mais danos para o menor adotado. Veja:
Início do processo:
Dar entrada na sua habilitação para adoção na 1ª Vara da Infância e da Juventude do DF (1ª VIJ-DF), para isso devem inicialmente procurar a Defensoria Pública ou assistência jurídica particular (veja ao final da matéria como entrar em contato).
Depois de deferido o processo de habilitação, a pessoa entrará no Sistema Nacional de Adoção (SNA).
A equipe da 1ª Vara da Infância e da Juventude do DF (1ª VIJ) procura famílias no Sistema Nacional de Adoção (SNA). A busca começa pelo primeiro nome da lista de pessoas habilitadas.
A equipe verifica se essa família tem interesse em conhecer a criança ou adolescente disponível.
Início do contato com a criança ou adolescente:
Se a família quiser seguir com o processo, ela inicia o chamado “estágio de convivência pré-acolhimento”. Isso significa que ela começa a ter contato com a criança ou adolescente.
Durante esse estágio, a equipe da Vara acompanha a convivência. O acompanhamento é feito por profissionais da área social e psicológica. Essa fase vai desde a apresentação da criança até a liberação da guarda provisória para a família.
Guarda provisória:
Quando a criança ou adolescente vai morar com a família, é concedida a guarda provisória.
A partir daí, a família pode entrar com o pedido oficial de adoção na Justiça.
Novo estágio de convivência:
O juiz define um novo período de convivência, agora com a criança já morando com a família.
A equipe da Vara continua acompanhando esse período.
O acompanhamento segue até que o processo de adoção seja finalizado e a criança se torne, legalmente, filha ou filho da nova família.
🪪 Quais documentos são necessários para a habilitação?
Para garantir que a criança será acolhida em um ambiente seguro e saudável, são exigidos os seguintes documentos para dar entrada no processo de adoção:
📄 Informações completas sobre quem quer adotar (nome, idade, profissão, etc.)
👨👩👧👦 Dados sobre a família do interessado
🧾 Cópia autenticada da certidão de nascimento ou casamento, ou uma declaração se viver em união estável
🪪 Cópia do RG e do CPF
💰 Comprovantes de renda e de onde mora
🏥 Atestados médicos que comprovem saúde física e mental
🚔 Certidão de antecedentes criminais (para mostrar que não tem problemas com a Justiça)
⚖️ Certidão negativa de processos cíveis (para mostrar que não está envolvido em ações judiciais)
⌛ Qual tempo de espera para a adoção?
O tempo de espera depende do perfil da criança escolhido. Veja:
Quem quer adotar bebê ou criança até 5 anos, sem necessidade de cuidado especial e sem irmãos:
Vai esperar por tempo indeterminado
Esse perfil é o mais procurado
Há poucas crianças com essas características
Elas são adotadas rapidamente
A Justiça não consegue prever o tempo de espera
Quem quer adotar crianças com mais de 6 anos, adolescentes, grupo de irmãos, crianças com deficiência ou problemas de saúde:
Pode iniciar o processo de adoção logo após a habilitação.
A ordem segue a lista do Sistema Nacional de Adoção (SNA).
Essas crianças já estão cadastradas e disponíveis.
Crianças ou adolescentes com deficiência ou grave problema de saúde tem prioridade na lista de espera, o processo de adoção desses menores são iguais aos de todos os outros.
Para saber mais sobre o curso de preparação:
📅 De segunda a sexta-feira: das 12h às 19h
📱WhatsApp: (61) 99272-7849 (apenas mensagens)
Para dar entrada na sua habilitação de adoção:
📍Localização: Núcleo da Infância e Juventude da Defensoria Pública do Distrito Federal; SEPN 515, bloco E, 4º andar, Edifício Bittar – Asa Norte, Brasília-DF
📞Telefones: (61) 2196-4501 e (61) 2196-4502
📧 E-mail: [email protected]
📱WhatsApp: (61) 99359-0072
👉Para mais informações sobre adoção, clique aqui
LEIA TAMBÉM:
ADOÇÕES: Conheça política de entrega voluntária no Distrito Federal
ADOÇÃO ILEGAL: Mulher faz exame de DNA e descobre mãe biológica após 17 anos de buscas
Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.