Família de mulher que morreu por dengue alega negligência no atendimento médico em hospital de Sorocaba


Ubirani Alves Vale, de 49 anos, morreu na manhã de 2 de março, após três dias com sintomas da dengue. Ela foi a primeira pessoa a morrer em decorrência da doença neste ano na cidade Ubirani Alves Vale, de 49 anos, morreu na manhã de 2 de março. Doze dias após a morte, Prefeitura de Sorocaba (SP) confirmou que ela morreu por dengue
Arquivo Pessoal
A família da mulher que morreu por dengue em Sorocaba (SP), no início deste mês, alega negligência no atendimento que a paciente recebeu na Unidade Pré-Hospitalar (UPH) da zona leste.
Ubirani Alves Vale, de 49 anos, morreu na manhã de 2 de março. Ela foi a primeira pessoa a morrer em decorrência da dengue neste ano na cidade. O resultado do exame foi divulgado pela prefeitura na quinta-feira (14). Segundo a prefeitura, Ubirani não tinha nenhuma comorbidade.
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A irmã de Ubirani, Ubiranice Vale, contou ao g1 como foram os dias que antecederam a morte da mulher.
“Ela estava com sintomas da doença e passou por atendimento médico na quarta-feira (28 de fevereiro) e foi pra casa. Mas foi piorando. Aí na sexta-feira à noite (1º de março) ela foi até o P.A da Zona Leste, estava bem ruim, mas não internaram ela. Depois disso, ela foi pra casa”, explica Ubiranice.
Na manhã do sábado (2), a Ubirani acordou com fortes dores e a família alega ter ligado para ao Serviço Atendimento Móvel de Urgência (Samu), solicitando uma ambulância para levá-la até o hospital. Mas, segundo a irmã, o Samu informou que não tinha resgate disponível naquele momento.
“Colocamos ela no carro e levamos por conta própria. Era umas 6h30. Mas ela nem chegou a ser atendida, morreu na entrada do hospital”, afirma a irmã.
No prontuário de atendimento da mulher, que o g1 teve acesso, consta que Ubirani chegou na unidade hospitalar às 23h18 de sexta-feira (1º) e passou por atendimento às 0h31 de sábado (2). Na ficha médica, consta ainda que a paciente relatou que estava há três dias vomitando, com dores e que um familiar estaria com dengue.
O documento ainda cita que a mulher passou pelo teste do laço – um exame rápido para diagnosticar dengue, Zika Virus, chikungunya -, ainda na UPH, e que o resultado foi negativo. Cita também que foram administrados remédios para dor e soro fisiológico a Ubirani.
A família da mulher alega que ela recebeu alta médica ainda durante a madrugada.
UPH Zona Leste de Sorocaba (SP)
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
A Prefeitura de Sorocaba informou que Ubirani deixou o hospital por conta própria, antes de receber alta pela equipe médica. Em nota, a administração municipal disse que a paciente passou por exames físicos e pelo teste do laço, que apontou negativo para dengue.
“Foram realizados exames físicos (cardiovascular, respiratório, gastrointestinal e neurológico). Houve prescrição médica e teste do laço para dengue com resultado negativo, além de coleta de sangue. Por volta das 3h, a paciente foi medicada. Às 4h15 a paciente não aguardou o retorno médico, evadiu-se e não mais foi encontrada na unidade”, informou em nota.
Sobre a falta de ambulância do Samu para resgate da paciente, a prefeitura informou que o serviço foi acionado e, 10 minutos após a chamada, o pedido foi cancelado pela própria família.
A irmã de Ubiranice afirma que a família cancelou o chamado por conta da negativa do Samu, que disse não ter veículo disponível e que a família optou por tentar socorrê-la com veículo próprio.
Sonhos de viajar, estudar e dirigir
A irmã de Ubirani disse que a família planejava viajar para o sul do país nos próximos meses.
“Ela queria viajar, conhecer muitos lugares. Tinha um grande sonho de dirigir e terminar a faculdade de administração. Era uma serva de Deus, ficava só em casa cuidando da família”,
Ubirani deixou dois filhos, um de 28 anos e um de 14 anos, e avó de um menino de sete anos. O corpo dela foi cremado e a família pretende jogar as cinzas em um monte.
Cenário da doença
Nos primeiros meses de 2024, a cidade registrou 3.312 casos de dengue, sendo 3.312 autóctones – quando a doença é contraída dentro do município. A Vigilância Epidemiológica investiga três mortes.

No dia 4 de fevereiro, a prefeitura decretou situação de emergência devido ao surto de dengue em Sorocaba. O decreto, que tem duração de 90 dias, autoriza as equipes da Vigilância Epidemiológica a entrarem em imóveis abandonados e autuar moradores, além de permitir a contratação de profissionais temporários para atuar no combate à doença.
Segundo a prefeitura, três Unidades Básicas de Saúde (UBSs) vão atender em horário ampliado para realização de exames, protocolo de hidratação de pacientes e atendimento de pessoas com sintomas da doença. São as unidades:
Fiori;
Hortência;
Simus.
As UBSs estão atendendo das 7h às 22h, mas com exclusividade de atendimento a pacientes com sintomas de dengue das 19h às 22h.
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