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Grupo foi indiciado por homicídio com dolo eventual, no qual o suspeito assume o risco de matar. Entre as vítimas, estava uma bebê de nove meses, que morreu oito dias após a explosão. Embarcação explodiu em junho de 2019 e vitimou 18 pessoas. Seis delas morreram
Gledison Albano/Rede Amazônica Acre
Seis pessoas foram indiciadas por homicídio doloso e lesão corporal grave pela explosão de um barco que carregava cinco mil litros de gasolina no dia 7 de junho de 2019, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre. Além disso, a empresa que fazia o transporte do combustível vai responder por crime ambiental.
De acordo com a polícia civil, foram indiciados:
O proprietário do barco
Um ex-proprietário do barco, que também estava no local no momento da explosão
Um funcionário do proprietário do barco
O caminhoneiro que fez o carregamento da gasolina
O proprietário do combustível
O irmão do proprietário do combustível
Os suspeitos e a empresa não tiveram os nomes divulgados. De acordo com o delegado Adam Ximenes, 18 pessoas foram ouvidas na apuração do caso, que resultou no indiciamento por homicídio com dolo eventual, no qual o suspeito assume o risco de matar.
“É claro que nós já vamos meter essa análise ao membro do Ministério Público, que dependendo da sua convicção, poderá oferecer denúncia seguindo esse posicionamento da Polícia Judiciária, ou não. O posicionamento da Polícia Judiciária foi chegar à convicção de que essas pessoas são responsáveis por crimes dolosos contra a vida, por homicídios dolosos”, ressaltou.
Polícia Civil indiciou seis pessoas por mortes em explosão de barco em 2019, em Cruzeiro
A embarcação explodiu quando era abastecida por um caminhão-pipa com 5 mil litros de gasolina que seriam levados em vasilhas para o município acreano de Marechal Thaumaturgo. Além do combustível, a embarcação também levaria os passageiros e outras cargas.
A explosão resultou na morte de seis pessoas e deixou mais 12 feridos. A Marinha do Brasil e a Polícia Civil do Acre investigaram as causas da explosão.
O delegado que conduziu a apuração, Lindomar Ventura, destacou que muitos dos feridos precisaram de tratamento fora do domicílio, e classificou o caso como descuido com a vida humana.
“Foi uma total falta de atenção e de cuidado com a vida humana, uma embarcação carregando combustível, 5 mil litros de gasolina, juntamente com passageiros. Todos devem lembrar que foi na margem do Rio Juruá, no dia 7 de junho de 2019, ao fazer a carga de combustível, houve uma explosão, várias pessoas foram lançadas no rio, outras não conseguiram sair do barco naquele momento, sofreram queimaduras gravíssimas”, informou Ventura.
Dor das famílias
Explosão deixou seis pessoas mortas, inclusive mãe e filha
Arquivo pessoal/Arte/g1
Entre as vítimas, estava uma criança de apenas 9 meses. Yohana Santos da Conceição e a mãe dela, Marluce Silva dos Santos, morreram carbonizadas. O estudante Lucas Silva, filho de Marluce, lembra que seu padrasto também estava na embarcação e teve ferimentos graves. Ele conta que a mãe estava de mudança para Marechal Thaumaturgo.
“Acredito que minha mãe não sabia disso, que ia combustível na mesma embarcação que ele. Mas, eles tinham que ir, porque moravam aqui comigo, mas estavam construindo uma casa em Marechal Thaumaturgo, e estavam indo para morar lá. Tanto que estavam levando tudo. E na época eu era da igreja, fui para um retiro, se não eu iria com eles também. Meu padrasto teve que ir para Minas Gerais a tratamento, e voltou depois de um ano e meio”, relata.
Ainda segundo o estudante, a família ainda lida com o luto causado pela perda de Yohana e Marluce.
“Foi uma das piores notícias da minha vida, não gosto nem de lembrar. É uma dor, a gente leva como uma dor ainda, porque a gente nunca vai esquecer. Foi passando durante os anos, mas a gente lembra todo dia”, conta.
Explosão
Em janeiro de 2020, após seis meses, o inquérito que investigava a explosão aguardava para ouvir o dono do barco, e pelo menos mais 10 pessoas, segundo informou o delegado Lindomar Ventura, que comandava as investigações. A polícia pediu a prorrogação do inquérito em agosto do ano passado.
À época, a polícia esperava para ouvir o dono da embarcação, que também ficou ferido na explosão.
“O depoimento dele é importante porque foi ele quem tomou decisões dentro do barco, pelos depoimentos, ele quem autorizou a entrada do pessoal, enfim, é o comandante do barco. O depoimento dele é bem importante”, conclui.
As vítimas foram:
Jucicleide Ferreira da Silva, de 42 anos, morreu na manhã desta terça-feira (8) após ter morte encefálica decretada na última sexta-feira (5)
Valdir Torquato da Silva, de 51 anos, morreu na madrugada do dia 27 de junho no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG).
Antônio José de Oliveira da Silva, de 33 anos, morreu no dia 15 de junho, no hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG).
Antes dele, já tinha ido a óbito Simone Souza Rocha, de 24 anos, que morreu no dia 9 de junho, ainda em Cruzeiro do Sul.
Marluce Silva dos Santos, 38 anos, também seria encaminhada para Minas Gerais, mas também não resistiu e morreu no dia 11 de junho, no Hospital do Juruá.
Uma bebê que estava em tratamento em Rio Branco, filha de Marluce, também não resistiu e morreu no dia 15 de junho.