República Dominicana já deportou quase 24 mil haitianos em 2024 – 4,5 mil só em março. Já o governo americano deportou 1.532 haitianos em 2023. ONU pede que nações vizinhas acolham refugiados haitianos que têm sido mandados de volta ao país em condições desumanas
A ONU pediu que países parem de deportar haitianos que fogem da violência. Os migrantes têm sido mandados de volta para o Haiti em condições desumanas.
Aglomerados em caminhões que parecem jaulas e mandados de volta para um país tomado por gangues. Os caminhões são da Polícia Migratória da República Dominicana, que já deportou quase 24 mil haitianos em 2024 – 4,5 mil só em março.
O Haiti fica na ilha caribenha de Espanhola. Ele divide o território com a República Dominicana. São 390 km de fronteira. Do lado dominicano, autoridades reforçaram a segurança para impedir a entrada de migrantes. O governo alega que está seguindo a política e segurança nacional.
Para os haitianos deportados, voltar para casa virou uma jornada perigosa. Gangues tomaram o controle da capital do Haiti, Porto Príncipe, e libertaram quase 4 mil detentos de presídios.
O governo americano deportou 1.532 haitianos em 2023. Mas muitos migrantes estão nos Estados Unidos há décadas e com a situação regularizada. Placas como uma em pleno metrô de Nova York que dizem “pequeno Haiti” mostram como é grande a comunidade de haitianos nos Estados Unidos. É a maior de todas fora do país.
Em uma região do Brooklyn, percebe-se que o principal idioma falado lá não é o inglês, mas, sim, o crioulo. O crioulo é derivado do francês e é o principal idioma falado no Haiti.
Ricot nasceu no Haiti, mas vive nos Estados Unidos há quase 50 anos. Ele é diretor de uma rádio que leva informações do país natal para haitianos que vivem em Nova York. Ele conta que tem transmitido notícias cada vez mais tristes.
“As pessoas ligam de lá e começam a chorar no meio do programa, enquanto estão no ar. Elas descrevem para a gente o que aconteceu com suas famílias”, conta.
São histórias de pessoas que levaram tiros no meio da rua. Haitianos que passam fome porque têm medo de irem no mercado e serem baleados. Mulheres grávidas que fazem o parto em casa porque o caminho até o hospital é arriscado demais.
Também em entrevista ao Jornal Nacional, a representante da Cruz Vermelha no Haiti explicou que a violência agravou problemas crônicos do país.
“A falta de acesso a água potável, atendimento de saúde básico, com quase 300 mil pessoas desabrigadas é o custo da violência. Só dois hospitais estão em operação para receber pessoas feridas por arma de fogo”, afirma.
Para Ricot, a tragédia ultrapassa as fronteiras.
“Alguns haitianos estão mais impactados do que outros, mas todos nós fomos afetados”, afirma Ricot.
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Aglomerados em caminhões que parecem jaulas e mandados de volta para um país tomado por gangues. Os caminhões são da Polícia Migratória da República Dominicana, que já deportou quase 24 mil haitianos em 2024 – 4,5 mil só em março.
O Haiti fica na ilha caribenha de Espanhola. Ele divide o território com a República Dominicana. São 390 km de fronteira. Do lado dominicano, autoridades reforçaram a segurança para impedir a entrada de migrantes. O governo alega que está seguindo a política e segurança nacional.
Para os haitianos deportados, voltar para casa virou uma jornada perigosa. Gangues tomaram o controle da capital do Haiti, Porto Príncipe, e libertaram quase 4 mil detentos de presídios.
O governo americano deportou 1.532 haitianos em 2023. Mas muitos migrantes estão nos Estados Unidos há décadas e com a situação regularizada. Placas como uma em pleno metrô de Nova York que dizem “pequeno Haiti” mostram como é grande a comunidade de haitianos nos Estados Unidos. É a maior de todas fora do país.
Em uma região do Brooklyn, percebe-se que o principal idioma falado lá não é o inglês, mas, sim, o crioulo. O crioulo é derivado do francês e é o principal idioma falado no Haiti.
Ricot nasceu no Haiti, mas vive nos Estados Unidos há quase 50 anos. Ele é diretor de uma rádio que leva informações do país natal para haitianos que vivem em Nova York. Ele conta que tem transmitido notícias cada vez mais tristes.
“As pessoas ligam de lá e começam a chorar no meio do programa, enquanto estão no ar. Elas descrevem para a gente o que aconteceu com suas famílias”, conta.
São histórias de pessoas que levaram tiros no meio da rua. Haitianos que passam fome porque têm medo de irem no mercado e serem baleados. Mulheres grávidas que fazem o parto em casa porque o caminho até o hospital é arriscado demais.
Também em entrevista ao Jornal Nacional, a representante da Cruz Vermelha no Haiti explicou que a violência agravou problemas crônicos do país.
“A falta de acesso a água potável, atendimento de saúde básico, com quase 300 mil pessoas desabrigadas é o custo da violência. Só dois hospitais estão em operação para receber pessoas feridas por arma de fogo”, afirma.
Para Ricot, a tragédia ultrapassa as fronteiras.
“Alguns haitianos estão mais impactados do que outros, mas todos nós fomos afetados”, afirma Ricot.
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