Segundo relatos, problema atinge, novamente, os bairros da Santa Cecília, Vila Buarque, Consolação e Higienópolis. Nessas mesmas áreas, ainda há pessoas que estão no escuro desde a queda de luz da segunda-feira (18). Enel diz apurar. Semáforos sem luz no Higienópolis após bairro sofrer com apagão nesta segunda-feira (18)
Claudia Castelo Branco/Arquivo pessoal
Moradores de bairros do Centro de São Paulo voltaram a ficar sem luz na tarde desta quarta-feira (20). Segundo relatos, o problema atinge, novamente, os bairros da Santa Cecília, Vila Buarque, Consolação e Higienópolis.
Nessas mesmas áreas, ainda há pessoas que estão no escuro desde a queda de luz da segunda-feira (18).
O Tribunal de Justiça Militar (TJM) informou que a energia do prédio acabou por volta de 12h30 desta quarta (20). O mesmo local ficou sem luz de segunda (18) até 9h30 de terça (19). A energia do local retornou por volta de 14h.
Moradores da Rua Bela Cintra, na Consolação, da Vila Buarque, e em várias partes da Santa Cecília também relatam que seguem sem energia.
“Com o tempo que tivemos energia hoje, só deu para encher as caixas d’água do condomínio. A situação está complicada, muito morador já perdeu alimento. Aqui temos uma senhora de 100 anos que usa uma máquina para se alimentar, essa máquina tem uma bateria interna com uma autonomia de 12 horas. Imagina se a energia não volta, teremos que procurar alternativas”, afirma Francisco, zelador de um condomínio na Rua Piauí, na Consolação.
Segundo a Enel, pelo menos 2% dos clientes ainda são afetados pelo apagão do início da semana. Questionada sobre a nova queda de fornecimento, a concessionária diz apenas que está apurando o caso.
Em nota, a empresa informou que “a companhia já havia restabelecido a energia para todos os clientes que tiveram o serviço afetado na última segunda-feira. Mesmo com o restabelecimento, as equipes da empresa seguiram no local trabalhando para reconfigurar totalmente a rede afetada. Mas, durante o trabalho, identificaram um indicativo de nova falha, optando por desligar preventivamente um dos circuitos para realizar nova intervenção”.
A concessionária informou ainda que restabeleceu a energia para 60% dos clientes que foram afetados e estão trabalhando para normalizar o restante.
Faculdade sem luz
Desde segunda, o problema atrapalha o funcionamento da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na rua General Jardim, na Vila Buarque.
São três dias seguidos sem aulas presenciais na instituição, segundo o diretor de comunicação da faculdade, Lino Bocchini.
“Desde segunda-feira cedo estamos tendo que remanejar aulas presenciais para online. Além de fechar todo atendimento aos estudantes [Secretaria, Biblioteca, Laboratório de Informática etc]. Hoje cedo ainda tivemos que passar todas as aulas presenciais da graduação para online, porque até ontem de noite não tinha voltado a luz, então não dava para garantir as mínimas condições. A energia voltou em partes durante a manhã, mas oscila. E ainda não conseguimos ligar parte dos aparelhos da instituição”, escreveu.
Prejuízos comerciais
Para os comerciantes da área, o prolongamento da falta de energia é sinônimo de mais prejuízo.
“Só em sorvete o prejuízo foi de R$ 2.500. Tem o iogurte também lá atrás, que pode jogar fora já. Não tem como, ninguém troca, não tem como aproveitar, amoleceu palito soltou, já era. “, disse o comerciante Eupídio Gomes Parente.
Início do drama
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O apagão no Centro de SP começou justamente na segunda (18), por volta das 10h30 da manhã e atingiu parcialmente pelo menos cinco bairros da região.
Pelo menos 35 mil usuários da rede foram afetados, segundo diretores da própria Enel. Casas e comércios e três hospitais ficaram no escuro.
Além da Santa Casa de Misericórdia, na Santa Cecília, o Hospital Santa Isabel e o Instituto do Câncer Doutor Arnaldo Vieira de Carvalho mantiveram as atividades essenciais a base de geradores.
Uma obra na rua General Jardim, na Vila Buarque, que pode ter sido a causa do apagão segundo a concessionária Enel, terminou antes que a luz voltasse em alguns imóveis. Até agora, ninguém assumiu a culpa pelo problema.
A Enel diz que a Sabesp puxou a fiação subterrânea durante uma reforma da tubulação de esgoto, que passa no mesmo ponto. E a Sabesp nega qualquer ligação entre o serviço e o apagão.
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Jogo de empurra
Segundo a Enel, o apagão teria iniciado a partir justamtente da obra da Sabesp na Vila Buarque. Funcionários da companhia de abastecimento de água teriam puxado a fiação subterrânea durante uma escavação.
Funcionários da Enel atuam no Centro de SP
Reprodução/TV Globo
Mas a Sabesp nega a acusação.
“A Sabesp de fato fez a escavação no local, existia sim, uma rede de energia elétrica, mas a princípio, por avaliações que nós fizemos, não houve um dano naquele local, na rede de energia elétrica. Contudo, nós estamos atuando em parceria, com as equipes a disposição para resolver o problema”, ressaltou Maycon Abreu, superintendente da Sabesp.
Equipes da concessionária e da Sabesp trabalham em parceria para analisar as causas da interrupção. Mas não deram previsão de quando vão religar a luz para todos os clientes afetados.
Cerca de 1% dos cabos de energia elétrica na capital é subterrânea e essa parcela está justamente na região do Centro. Na Rua General Jardim, onde fica a obra da Sabesp, moradores estão sem luz e sem água, já que a área está sem energia para bombear a água para os prédios.
Enquanto ninguém assume a responsabilidade, moradores e comerciantes continuam contabilizando os prejuízos.
“Perdi quase R$ 3 mil pela falta de energia. Perda total, e eu que vou ter que arcar com o prejuízo”, afirma o comerciante Eupídio Gomes Parente.
O que dizem as duas agências?
A Arsesp informou que tem 23 fiscais que acompanham o trabalho das distribuidoras que atendem o estado. Em agosto, durante a CPI da Enel na Alesp, os diretores da agência afirmaram aos deputados que “a concessionária paulista cumpre, na média, os indicadores de qualidade no fornecimento de energia elétrica”.
Já a Aneel informou que aplicou mais de R$ 320 milhões em multas à empresa, desde 2018. A maior delas foi neste ano: R$ 165 milhões, pela demora para restabelecer a energia, depois do temporal que atingiu a grande São Paulo, em novembro do ano passado. No entanto, a Enel entrou com um recurso administrativo e ainda não pagou o valor.
Na ocasião, cerca de 2,1 milhões de imóveis ficaram sem energia após tempestades no estado.
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