Nesta sexta-feira (22) é celebrado o Dia Mundial da Água. Piracicaba perde em média 598,13 litros de água por dia, por ligação, o que equivale a 53,9% do total. Torneira
Reprodução/TV Gazeta
O crescimento das cidades, combate a vazamentos e redes antigas são alguns dos principais desafios no combate às perdas d’água em Piracicaba (SP). A cidade perde mais da metade da água tratada e pronta para o consumo, segundo divulgado nesta semana no Ranking do Saneamento do Instituto Trata Brasil.
Isso significa que se perde uma média de de 598,13 litros de água por dia, por ligação. Nesta sexta-feira (22) é celebrado o Dia Mundial da Água e o g1 preparou uma reportagem sobre os desafios de combater essas perdas, que podem ser muito prejudiciais a longo prazo 👇
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🚰O que é? Perda d’água é quando a água é tratada, ou seja, está pronta para consumo, mas não chega até a casa da população. Isso pode ocorrer por vários motivos: vazamentos, rompimentos na rede e até furto por meio de ligações clandestinas.
🚨Desafios: Segundo Francisco Lahóz, secretário executivo do Consórcio PCJ e coordenador do Programa de Combate a Perda em Redes Públicas, existem vários desafios atuais para reduzir as perdas d’água. Em Piracicaba, especificamente, o crescimento da cidade nos últimos 20 anos é um deles.
“Como o Piracicaba cresceu de uma maneira avassaladora nos últimos anos, a companhia de saneamento tem que atender as novas redes e ao mesmo tempo substituir as redes antigas. E essa equação nem sempre é possível de ser feita ao mesmo tempo”, argumenta.
As redes de água têm vida útil de cerca de 20 anos e por isso elas precisam ser substituídas com certa frequência. Caso contrário, essas redes podem se romper ou causar vazamentos – que é outro desafio no combate às perdas.
Segundo Lahóz, a região da bacia que contempla os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí já é considerada de estresse hídrico, ou seja, em períodos de estiagem a água disponibilizada é menor do que a demanda. Isso por si só já é um desafio, mas fica amplificado com quando as perdas d’água são elevadas.
“Se você tem uma distribuição de água onde as perdas são significativas, ou seja, o que você trata não chega direto para a população, você acaba tendo, por exemplo, que tratar volumes muitas vezes maiores do que os requeridos para que todos sejam atendidos”, argumenta.
Adutora rompida em Piracicaba em fevereiro de 2024
Edijan Del Santo/EPTV
🤔O que fazer? Ainda conforme Lahóz, em Piracicaba para combater as perdas é necessário uma série de ações – algumas já presentes no Plano de Combate às Perdas do Semae, segundo ele.
Substituir as redes mais antigas;
Construir mais reservatórios de bairros, porque isso permite controlar a pressão da água e evitar vazamentos;
Fazer manutenções frequentes nos conjuntos de bombas hidráulicas que fazem a elevação de água de um ponto a outro;
Manter as pressões de água adequadas;
Fazer capacitação de funcionários.
Em Limeira (SP), segunda maior cidade da Região Metropolitana de Piracicaba, se perde 20,19% do que é produzido, ou seja, 128,82 litros por dia, por ligação. O índice é um dos menores do Brasil.
Outro lado
Em nota, o Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae) informou que o índice de perdas inclui as perdas físicas de água, provocadas por vazamentos ou descargas nas redes de abastecimento, e também as perdas financeiras, que são volumes utilizados, porém não medidos, onde a causa principal é o furto de água (ligações clandestinas, fraudes nas ligações, etc.).
“A falta de investimentos no Plano de Saneamento Básico do município, das gestões anteriores, colaboram para esse índice de perdas d’água, já que grande parte dessa perda acontece durante rompimentos de redes e adutoras”, informou em nota.
A autarquia informou que fez obras para sanar os problemas atuais, com ampliação de estações, execução de adutoras, substituição e extensões de rede. “Nesse sentido, nos últimos 3 anos foram investidos R$ 22,6 milhões em obras e serviços de melhorias no abastecimento municipal.”
Além disso, o Semae ressaltou que estão em andamento outras obras, como a ampliação da Casa de Bombas Unileste e também da Casa de Bomba Pauliceia, que vai aumentar a capacidade de distribuição de água para essas regiões.
“Agora, o Semae vai investir mais cerca de R$ 150 milhões, oriundos de financiamentos à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) I e II do programa Desenvolve SP, além de recursos próprios (tarifa), na execução das obras de ampliação que constam do Plano de Saneamento Básico”, argumenta a autarquia.
Entre elas estão ampliação de adutoras, trocas, ampliação de estação de tratamento de água e troca de 120 mil metros de rede antiga.
“Um outro ponto importante a ser citado na área de investimentos, é a implementação, em janeiro deste ano, do novo contrato de aquisição de energia elétrica pelo Ambiente de Contratação Livre (ACL). A iniciativa vai gerar, em cinco anos, uma economia de R$ 79 milhões aos cofres públicos.”
Prédio do Semae em Piracicaba
Debora Teixeira Oliveira/ Semae
O g1 também procurou a BRK Ambiental responsável pelo abastecimento em Limeira. A concessionária ressaltou o índice de perdas d’água, que é um dos menores do país, e informou que no início da concessão, em 1995, o índice superava os 50%.
“O sucesso comemorado hoje pode ser atribuído principalmente aos investimentos contínuos nos ativos, processos, em novas tecnologias, em implantação de novas adutoras e reservatórios, renovação de ramais e redes de distribuição, e na capacitação de seu corpo técnico.”
A BRK informou que usa materiais resistentes e duradouros para ampliar a segurança e evitar rompimentos e perda de água tratada. Além disso, a empresa também informou que busca por vazamentos com uso de tecnologia.
“Outras iniciativas são os investimentos em Setorizações e Gerenciamento de Pressão, com a implantação de macromedidores e Válvulas Reguladoras de Pressão (VRPs). Os macromedidores têm como objetivo comparar o volume de água disponibilizado a determinada região da cidade com o real consumo daquela área, para assim avaliar se há perdas pelo caminho, seja em forma de vazamentos ou de ligações irregulares.”
Estação de Tratamento de Água de Limeira
Divulgação/ BRK Ambiental
Ranking do saneamento
No Ranking do Saneamento do Instituto Trata Brasil, divulgado esta semana, Piracicaba aparece na 20ª posição, 14 a menos do que no ano anterior.
O ranking do saneamento, feito em parceria com GO Associados, analisa distribuição e coleta de água e esgoto, perdas na distribuição, investimento e melhorias realizadas. Os dados, de 2022, são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades.
O Novo Marco Legal do Saneamento Básico, aprovado em 2020, estipula que a universalização dos serviços seja alcançada até o ano de 2033, garantindo que ao menos 99% da população do país tenha acesso à água potável, e 90%, ao tratamento e à coleta de esgoto.
O levantamento atribui notas (até 10) para cada município com base em oito indicadores analisados, e depois dá uma nota final para a cidade. Piracicaba ficou com nota 9,15 e atingiu a 20ª posição no ranking. Em 2023, a cidade tinha nota 9,14 e estava em 6º lugar.
A metrópole só não atingiu nota máxima nos indicadores relacionados à perdas no faturamento, distribuição e por ligação – cujas notas foram bem abaixo da média.
Já em Limeira (SP), apenas um indicador não teve nota máxima. A cidade ficou em 4º lugar no ranking nacional, com nota 9,98. No ano passado, o município tinha nota 9,3 e estava em 5º lugar.
Veja no gráfico as notas por indicador 👇
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