Relatório que mede qualidade da água indica condição ‘frágil’ dos rios da região de Campinas


Estudo da SOS Mata Atlântica considera 16 indicadores e apontou qualidade ‘regular’ em cinco trechos de Amparo, Campinas e Lindoia. Segundo a fundação, cenário deve ser visto como alerta para o risco de piora. Rio Camanducaia em Amparo, na região de Campinas
Reprodução / EPTV
A qualidade da água em cinco trechos de rios da região de Campinas (SP) não é considerada boa, de acordo com o relatório Observando Rios 2024, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica. A publicação marca o Dia Mundial da Água, celebrado nesta sexta-feira (22).
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💧 Os pontos monitorados, que ficam em Amparo, Campinas e Lindóia, foram avaliados com qualidade regular. O resultado é referente a análises realizadas em 2023 e leva em consideração a observação de 16 indicadores (entenda a metodologia abaixo).
No ano anterior, os trechos dos rios Camanducaia, em Amparo, e Anhumas, em Campinas, também foram avaliados e obtiveram a mesma classificação – não pioraram, mas não melhoraram. No Brasil, 77% dos pontos monitorados tiveram o mesmo desempenho.
Qualidade dos rios na região de Campinas
A
Sinal de alerta
Segundo a fundação, a classificação regular demanda atenção especial e indica “a condição frágil dos recursos hídricos, especialmente neste momento de emergência climática”. Gustavo Veronesi, coordenador do programa Observando os Rios da SOS Mata Atlântica, destaca que, embora não seja considerado ruim, esse cenário deve ser visto como um risco para a possibilidade de piora.
“Uma qualidade de água regular, a um primeiro momento, pode parecer algo bom, que ela não está tão ruim, mas, na verdade, é um sinal de alerta. Tanto que a gente pinta de amarelo quando chega nessa situação […] é muito fácil piorar. O recuperar, melhorar, é muito lento, é gradual e difícil. Poluir é muito fácil. Tem que ser um alerta constante e que a gente precise olhar com cuidado pros nossos rios”.
“No momento em que ele chegar a uma qualidade boa, a gente precisa, também, estar atento para não regredir, chegar em uma qualidade regular ou ruim. É um estado de atenção constante para que a gente tenha a melhoria da qualidade da água e que atinja, pelo menos, a qualidade de água boa nos rios da Mata Atlântica”.
O que dizem as prefeituras
O g1 pediu um posicionamento sobre o assunto aos municípios.
📄 Em nota, a Prefeitura de Amparo informou que o Governo do Estado de São Paulo vai executar uma obra para ampliação do tratamento de esgoto e melhoria da rede de coleta na cidade, que deverá atingir até 100% do coletado. “O Saae e Prefeitura estão trabalhando no licenciamento e autorização dos proprietários de imóveis onde deverão passar as tubulações de esgoto”.
As prefeituras de Campinas e Lindoia, assim como a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de SP (Semil) também foram procurados, mas não deram retorno até a publicação dessa reportagem.
Índice de Qualidade da Água
Os parâmetros do Índice de Qualidade da Água (IQA), de acordo com a SOS Mata Atlântica, foram escolhidos por especialistas e técnicos para avaliação das águas doces brutas destinadas ao abastecimento público e aos chamados usos múltiplos. Assim, o trabalho está em uma escala que varia entre:
Ótima: acima de 40,1
Boa: entre 35,1 e 40
Regular: entre 26,1 e 35
Ruim: entre 20,1 e 26
Péssima: abaixo de 20
O índice é usado no Brasil desde 1974 por instituições como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). O IQA brasileiro é uma adaptação do índice desenvolvido pela National Sanitation Foundation, dos Estados Unidos. Ele é obtido por meio da soma de parâmetros físicos, químicos e biológicos encontrados nas amostras de água.
Metodologia
Para definir se a água é péssima, ruim, regular, boa ou ótima, os pesquisadores avaliaram indicadores físicos, químicos e biológicos. São os seguintes:
Temperatura da água
Temperatura do ambiente
Turbidez
Espumas
Lixo flutuante
Odor
Material sedimentável
Peixes
Larvas e vermes vermelhos
Larvas e vermes escuros e transparentes
Coliformes totais e fecais (termotolerantes)
Oxigênio dissolvido (OD)
Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)
Potencial hidrogeniônico (pH)
Fosfato (PO4 )
Nitrato (NO3 )
Relatório nacional
De acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica, foram realizadas 1.101 análises em 174 pontos de coleta, de 129 rios e corpos d’água, em 80 municípios de 16 estados da Mata Atlântica. Ao menos 130 grupos voluntários participam da ação.
Dos 16 estados analisados e que estão presentes no bioma da Mata Atlântica, somente seis deles apresentam água considerada boa. São eles: Alagoas (9,1%); Paraíba (40%); Rio Grande do Norte (20%); Rio Grande do Sul (12,5%); São Paulo (8,8%) e Sergipe (12,5%).
Os demais, conforme as análises, só possuem águas, no máximo, consideradas regulares. Eles são os seguintes: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
O estudo ainda revela que nenhum dos 16 estados com amostras que participaram das coletas e das análises apresentou água considerada ótima. Considerando o total de amostragens, 8% dos pontos têm qualidade boa e 2,9% foram considerados péssimos.
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