Espécie pode possuir palytoxina, substância tóxica que se aloja nos músculos, brânquias e pele do animal. O caranguejo-palhaço se alimenta de pequenos crustáceos, algas, corais e detritos
Kerry Lewis/iNaturalist
Entre as mais de sete mil espécies de caranguejos do mundo, uma recebe o nome popular de caranguejo-palhaço (Platypodiella spectabilis). Mas por quê?
“Esse nome surgiu devido às suas cores e padrões de manchas em tons de vermelho, amarelo e branco, que se assemelham às cores usadas em trajes de palhaços. Contudo, é importante notar que os nomes comuns variam regionalmente, e cada povo pode ter sua própria interpretação e contexto para isso”, explica a bióloga marinha Beatriz Almeida, mestranda em ciências ambientais.
De acordo com a pesquisadora, a espécie, junto com outras quatro, forma o gênero Platypodiella, da família Xantidae e subfamília Zosiminae.
Presente no Brasil, caranguejo-palhaço recebe nome popular pela aparência colorida
De tamanho relativamente pequeno, o caranguejo-palhaço possui uma carapaça com bordas arredondadas e salientes que, entre outras funções, protege o órgão respiratório (brânquias) do animal.
“Esse caranguejo é encontrado em/ou perto de recifes de corais e costas rochosas no Atlântico Ocidental, desde o norte, em Bermudas, até o sul, no Brasil, incluindo o Arquipélago de Fernando de Noronha e a Ilha da Trindade”, diz Beatriz.
Caranguejo-palhaço ocorre no Brasil
Terence zahner/iNaturalist
Ela reforça ainda que não há informações disponíveis sobre risco de extinção da espécie, mas que todas do gênero são muito utilizadas no aquarismo, pela exuberância de cores. Para a espécie, essa demanda pode representar ameaças significativas.
Na natureza, os principais predadores do crustáceo são as poliquetas, anelídeos carnívoros conhecidos como vermes aquáticos. Esses vermes se alimentam inclusive das colônias de Palythoa, um gênero de coral que possui relação com os caranguejos.
“Uma curiosidade interessante sobre o caranguejo-palhaço é que ele pode viver em simbiose com as colônias de Palythoa, ocorrendo em fendas e/ou buracos sob as colônias”, diz Beatriz.
“Além disso, esses caranguejos e outros organismos próximos das colônias de Palythoa têm altas concentrações de palytoxina, que adquirem à medida que se alimentam do coral, uma toxina de risco médico para nós”, esclarece.
Esses caranguejos podem viver no meio de corais
Daniel Pinelli/iNaturalist
No caranguejo, essa toxina pode ser alojar nas partes moles da espécie, como músculos, brânquias e na própria pele, mas não faz mal.
No entanto, para os humanos a palitoxina pode causar graves problemas, como intoxicação alimentar.
“Os maiores problemas com essa toxina ocorrem geralmente ao manusear os corais contaminados. Com os caranguejos só teria problema se alguém consumisse, mas essa espécie não é aproveitada na gastronomia e o contato humano geralmente é apenas através de aquários, não tendo perigo”, conclui.
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