Cirurgia para implantar dispositivo no crânio de José Luiz Itiro Yamamoto foi feita de graça no Hospital das Clínicas (HC). Aposentado passará por reabilitação antes de ter autonomia. Músico de 78 anos volta a ouvir após fazer implante coclear no HC de Ribeirão Preto
Há quatro anos, o aposentado José Luiz Itiro Yamamoto teve uma perda severa de audição. Cego desde a adolescência, tinha no som uma espécie de compensação sensorial e essa habilidade permitiu que desenvolvesse várias atividades, como a de tocar sanfona.
Mas, em 2020, com a audição prejudicada, o instrumento musical precisou ser deixado de lado.
Em fevereiro deste ano, seu Yamamoto passou por uma cirurgia, no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (SP). A expectativa dos médicos é que um implante coclear pudesse ajudá-lo a voltar a ouvir.
Nesta semana, o idoso voltou ao HC para fazer ajustes e pôde, finalmente, voltar a tocar a sanfona.
Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp
O aposentado José Luiz Itiro Yamamoto reencontra a sanfona após implante coclear no HC em Ribeirão Preto, SP
Marcelo Moraes/EPTV
Eletrodos estimuladores
O procedimento foi conduzido pelo cirurgião otológico Miguel Hippolyto, que também é professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Segundo o especialista, hoje, o implante coclear é uma das principais soluções para a surdez profunda.
Por meio de cirurgia, um conjunto de peças é implantado no crânio do paciente e conectado ao ouvido. Do lado de fora, um aparelho semelhante aos conhecidos do grande público é colocado na orelha, mas pode ser removido. A diferença é que ele leva tecnologia de ponta.
“Um aparelho auditivo comum, convencional, é um aparelho de amplificação sonora. Ele capta o som e aumenta o som porque o paciente tem uma perda auditiva onde ainda é possível estimular algumas células do ouvido interno que conseguem perceber esse tipo de som. Já quando a pessoa vai para o implante coclear é colocado dentro da cóclea, que é o ouvido interno, que é o caracolzinho, um feixe de eletrodos. Esse feixe de eletrodos vai estimular diretamente o nervo auditivo e o nosso cérebro vai ser capaz de perceber esses sons”, explica Hippolyto.
Feixe de eletrodos é implantado no crânio de paciente enquanto aparelho externo fica na orelha
Marcelo Moraes/EPTV
Reabilitação
As reações de seu Yamamoto no momento em que o implante começou a funcionar foram registradas pela equipe médica. Como em todo recomeço, é preciso paciência, de acordo com a equipe.
A expectativa dos especialistas é de que seu Yamamoto tenha total autonomia daqui a pelo menos 30 dias. Durante o período, ele vai passar por um processo de reabilitação acompanhado por fonoaudiólogos.
“É ensinar esse ouvido que já ouviu um dia de forma normal, só que agora vai reaprender a escutar com o implante coclear. Vai ser trabalhada a compreensão de fala, a percepção dos sons. São treinos específicos relacionados à audição que o reabilitador realiza”, diz a fonoaudóloga Carla Lima.
Mas, para o médico e para as fonoaudiólogas, o implante já é considerado um sucesso. Por enquanto, o aparelho está em um dos ouvidos, e, se tudo correr bem, ele poderá ser implantado no outro também.
“Ele é um paciente que é músico e quem trabalha com música geralmente tem o ouvido diferenciado. Então ele tem um prognóstico muito bom, que é o que a gente espera mesmo com o implante coclear”, afirma a fonoaudióloga.
O aposentado José Luiz Itiro Yamamoto reencontra a sanfona após implante coclear no HC em Ribeirão Preto, SP
Marcelo Moraes/EPTV
Cirurgia pelo SUS
No HC em Ribeirão Preto, são realizados oito procedimentos do tipo por semana. Na rede particular, o custo pode passar dos R$ 200 mil. Os pacientes atendidos no HC, geralmente, são encaminhados por outros hospitais, mas também é possível se inscrever em um programa que oferece a cirurgia gratuita.
“Quando tem essa junção da ciência, que trabalha um caso tão complexo, tão sensível que é a surdez, e a política pública de inclusão, que te fornece uma cirurgia, uma protetização, você pode devolver uma expectativa de vida para a pessoa, qualidade de vida, para ele estar na sociedade e que ele possa viver com menos dificuldades nessas barreiras que a deficiência traz, afirma a assistente social Patrícia Cordeiro.
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão e Franca
Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região