Polícia pede novamente à Justiça prisão preventiva de motorista do Porsche que matou homem de 52 anos em acidente em SP


Empresário Fernando Sastre Filho, de 24 anos, dirigia o carro de R$ 1,3 milhão que matou Ornaldo Viana, durante colisão na Av. Salim Farah Maluf, no sábado (20). No novo pedido, delegado argumenta que Sastre tem risco de fuga do país e alto poder aquisitivo para subornar testemunhas e vítimas. Justiça já tinha negado 1° pedido. O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, motorista da Porsche que coligidiu contra um carro de aplicativo e matou um motorista de 52 anos.
Montagem/Reprodução/TV Globo
A Polícia Civil de São Paulo protocolou na Justiça um novo pedido de prisão preventiva contra o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos.
Sastre é motorista do Porsche de R$ 1,3 milhões que bateu na traseira do Renault Sandero e matou Ornaldo da Silva Viana, motorista de aplicativo de 52 anos. O acidente aconteceu na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, Zona Leste da capital, na noite de sábado (30).
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No novo pedido, o delegado do 30° Distrito Policial, que investiga o caso, argumenta três pontos sobre Fernando Sarte:
garantia da ordem pública (motorista poderia cometer o mesmo crime de novo);
conveniência da instrução criminal (investigado poderia ameaçar ou subornar testemunhas ou vítimas);
garantia da futura aplicação da lei penal (risco de fuga do país pelo alto poder aquisitivo).
Na segunda-feira (1°), a Justiça de SP já tinha negado o primeiro pedido de prisão temporária argumentando por entender que o pedido da Polícia Civil não atendeu os requisitos mínimos para decretação.
Na decisão, a juíza Fernanda Helena Benevides Dias aponta que o pedido de prisão temporária do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, foi sustentado apenas pela “gravidade dos fatos” e pelo “clamor público por justiça”.
Novas revelações sobre o caso do porsche
No pedido de prisão temporária, o 30° DP tinha alegou que Fernando fugiu do local do acidente, estava em alta velocidade e que precisaria ser preso porque a sociedade pedia sua prisão.
Entretanto, segundo o Código de Processo Penal, a solicitação deve cumprir ao menos três requisitos:
quando a prisão é imprescindível para as investigações do inquérito policial;
quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;
quando houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado em crimes como homicídio doloso, roubo, estupro, sequestro etc.
Apesar de ter fugido do local do acidente, a magistrada ponderou que o empresário se apresentou espontaneamente na delegacia e se colocou à disposição para esclarecimentos necessários sobre os fatos. Fernando também tem residência fixa.
“Ocorre que, no caso em tela, a autoridade policial sequer narrou a necessidade da prisão pela qual representou, limitando-se a sustentar a gravidade dos fatos e o clamor público por Justiça. Não esclareceu a representante porque a medida cautelar seria necessária para as investigações, tampouco mencionou não ter o indiciado residência fixa ou não ter esclarecido sua identidade”, justificou a juíza Fernanda Benevides.
Testemunha do caso viu garrafas
Exclusivo: Novas denúncias sobre a batida da Porsche, na zona leste
Uma testemunha contou nesta sexta-feira (5) à TV Globo que falou para a Polícia Civil ter visto três garrafas de vidro dentro do Porsche do empresário Fernando Sastre após ele bater no Sandero de Ornaldo da Silva Viana.
A informação sobre as garrafas encontradas no carro de luxo não está, no entanto, no depoimento que a testemunha deu à Polícia Civil sobre o caso. A mulher havia prestado depoimento na terça-feira (2) com o 30º DP.
Testemunha contou ter dito à polícia que viu três garrafas de bebida dentro do Porsche, mas informação não está no depoimento dela
Lucas Jozino/ TV Globo
Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não comentou o assunto.
A testemunha é a mesma que tinha dito anteriormente que viu Fernando com sinais de embriaguez, voz pastosa e cambaleando após ele bater o Porsche no Sandero.
“O pouco que eu vi tinha umas garrafas na parte do passageiro. Só que eu não sei precisar que tipo de garrafa é essa. Acho que tinha umas 3 dentro”, disse a mulher, que aceitou falar com a reportagem sob a condição de não divulgar seu nome e mostrar o rosto.
Amigo de empresário está na UTI
Marcus Vinicius Machado Rocha, amigo do motorista do Porsche que causou um acidente com morte continuava entubado e internado em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Luiz Anália. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (5) ao g1 por pessoas que têm contato com a família do rapaz.
O estudante de 22 anos estava sentado no banco do carona do carro de luxo que era conduzido por Fernando, de 24 anos, e bateu na traseira do veículo de Ornaldo, de 52 anos, que morreu num hospital. Segundo testemunhas, as três pessoas usavam cintos de segurança.
Fachada do 30° Distrito Policial do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo.
Reprodução/TV Globo
Marcus quebrou quatro costelas e precisou retirar o baço numa cirurgia. Seu estado de saúde ainda apresenta riscos. Por esse motivo não há previsão de alta. Ele ainda não foi ouvido pela polícia sobre o caso. Fernando teria tido um corte na boca, mas não foi para nenhum hospital.
Câmeras de segurança gravaram a batida na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé (veja vídeo abaixo). A Polícia Civil indiciou Fernando por homicídio por dolo eventual, quando se assume o risco de matar, lesão corporal e fuga do local do acidente. O empresário responde aos crimes em liberdade.
Empresário tomou ‘alguns drinks’
Segundo a namorada de Marcus contou no 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, eles, Fernando e sua namorada beberam “alguns drinks” num restaurante. Depois foram no Porsche e em outro carro para uma casa de pôquer com “open bar” (comida e bebida à vontade). Outras câmeras de segurança gravaram a chegada e saída do grupo do estabelecimento.
Em seguida, Fernando discutiu com a sua namorada, que não queria deixá-lo dirigir porque ele estava “alterado”. Marcus se ofereceu para conduzir o Porsche do amigo, que recusou. Então foi de carona com o empresário no veículo enquanto suas namoradas seguiram atrás em outro automóvel.
Novas imagens mostram motorista de Porsche antes e depois do acidente
Durante o trajeto, a namorada de Marcus contou que Fernando “acelerou” o carro de luxo e quando ligou para seu namorado, ele contou que o Porsche se envolveu num acidente. As namoradas dos rapazes foram ao local.
Outras testemunhas contaram à investigação que Fernando dirigia em alta velocidade, tinha sinais de embriaguez, voz pastosa e estava cambaleando. O limite de velocidade para a via é de 50 km/h.
Liberação pela PM e fuga
Polícia Civil vai até prédio onde funciona casa de pôquer onde dono de Porsche foi antes do acidente
Abraão Cruz/TV Globo
A Polícia Militar (PM), que atendeu a ocorrência, acabou liberando o motorista do Porsche para sair do local do acidente sem fazer o teste do bafômetro nele. O equipamento poderia indicar se o empresário havia bebido álcool enquanto dirigia, o que é crime.
Os policiais militares alegaram que a mãe de Fernando, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, também foi ao local do acidente e disse que levaria o filho para tratar de um ferimento num hospital. Mas quando os agentes da PM foram depois a unidade médica, não encontraram nenhum dos dois.
A Corregedoria da PM apura se se os policiais militares que liberaram Fernando sem fazer o teste do bafômetro erraram no procedimento. A Ouvidoria da Polícia pediu as imagens das das câmeras corporais dos agentes que atenderam a ocorrência para serem analisadas.
Para a Polícia Civil o motorista do Porsche havia fugido. Depois de 38 horas, ele se apresentou espontaneamente na delegacia que investiga o caso e negou que tivesse bebido ou fugido. Afirmou, porém, que estava “um pouco acimado limite” de velocidade para a avenida. Mas não soube informar a velocidade que estava no momento.
Perícia e investigação
Testemunha contou que Fernando Sastre de Andrade Filho dirigia Porsche em ‘alta velocidade’ e estava com ‘sinais de embriaguez’
Reprodução/TV Globo
A Polícia Técnico-Científica vai analisar as imagens para determinar qual era a velocidade do Porsche no momento da batida com o Sandero. O laudo será feito pelo Instituto de Criminalística (IC).
A Polícia Civil chegou a pedir a Justiça a prisão temporária do motorista do Porsche, mas a solicitação foi negada. A juíza alegou que “clamor público” não era motivo para prender alguém. A investigação avalia a possibilidade de vir a fazer um novo pedido de prisão, dessa vez preventiva, após concluir o inquérito do caso.
A investigação também apura se Daniela cometeu crime de fraude processual pelo fato de a mãe de Fernando, segundo a investigação, ter impedido o motorista do Porsche de fazer teste do bafômetro e ter supostamente mentido ao dizer que o levaria a um hospital, mas não o fez.
CNH foi recuperada
Motorista de Porsche que matou motorista de aplicativo se apresenta à polícia
Fernando havia recuperado sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) 12 dias antes do acidente, segundo a Polícia Civil de São Paulo.
O empresário teve a CNH suspensa em 5 de outubro de 2023 e ficou 152 dias proibido de dirigir após estourar o limite de multas permitidos. Entre as infrações cometidas por Fernando para ter a “suspensão do direito de dirigir” por pouco mais de cinco meses está ao menos uma multa por excesso de velocidade.
Por causa da suspensão da CNH, Fernando foi obrigado a passar por uma “reciclagem para infratores”. O jovem de 24 anos fez o curso entre 7 e 16 de novembro de 2023. Em 19 de março de 2024, ele recuperou a CNH e o direito de voltar a dirigir.
Defesa cita ‘fatalidade’ e família de morto alega ‘injustiça’
Câmera de segurança gravou momento que Renault Sandero branco é atingido na traseira por Porsche Carrera azul em São Paulo
Reprodução/Redes sociais
A defesa de Fernando divulgou nota à imprensa informando que seu cliente não bebeu e que o acidente foi uma “fatalidade”.
Ele é gerente de uma das empresas da família e ganha R$ 15 mil de salário. Há cinco anos, foi aprovado em uma universidade privada da capital paulista, o Mackenzie, onde cursou engenharia civil por algum tempo. Segundo a instituição de ensino, ele não está matriculado lá desde 2021.
“Um sentimento de injustiça gigantesco dentro de mim”, escreveu nesta segunda em seu Instagram, Luam Silva, filho de Ornaldo. O motorista por aplicativo deixou mais dois filhos e e esposa.
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