Nos áudios, Davi Pereira da Silva insiste para que ele e a Maria da Conceição se encontrem com a justificativa de fazer um orçamento na loja da vítima. Ele confessou tê-la matado e alegou ter tido um surto. Vídeo mostra quando prestador de serviços encontra empresária assassinada
A Polícia Civil encontrou alguns áudios no celular da empresária de 74 anos, Maria da Conceição dos Santos Mendonça, que foi achada morta dentro do próprio carro, em Aparecida de Goiânia. Nesses áudios, segundo a investigação, o suspeito do crime, Davi Pereira da Silva, aparece insistindo para que ele e a empresária se encontrem com a justificativa de fazer um orçamento na loja da vítima (ouça acima).
“Ele vinha tentando se encontrar com a vítima, pedindo para ela fazer um orçamento na loja, com o objetivo de ficar sozinho com ela. Foram […] em conversas de WhatsApp antigas com ele, que ficava insistindo”, explicou o delegado Rogério Bicalho ao g1.
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Nesse celular, é possível ver que as conversas foram no dia 3 de janeiro, três dias antes do crime.
Davi: Dona Conceição, a senhora vai abrir lá só segunda-feira, né?
Maria da Conceição: Uai, Davi, eu não sei que dia eu vou abrir, não. Por quê? Você está precisando de alguma coisa?
Davi: Vê que dia a senhora tá de boa pra gente ver aquelas peças lá que eu tinha comentado com a senhora. Mas aí você pode deixar para segunda-feira, porque amanhã já é sábado, né?
Maria da Conceição: Tá, uai. Tá combinado então, viu? Cinco horas eu estou lá na loja.
As câmeras de segurança mostram que a empresária chegou na loja localizada no setor Vila Brasília 15 minutos antes do horário combinado com Davi Pereira. Dez minutos depois, o prestador de serviços também é visto chegando no local (assista acima).
Em depoimento, Davi confessou ter matado a empresária e alegou ter tido um surto. Ao g1, a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) informou que o representou na audiência de custódia e que não comentará sobre o caso. Destacou ainda que, após a audiência de custódia e o início o processo criminal, ele poderá optar por um advogado particular ou poderá ter a defesa constituída pela defensoria (leia na íntegra ao fim da reportagem).
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Conversas entre Davi Pereira e Maria da Conceição sobre encontro em Aparecida de Goiânia
Reprodução/Polícia Civil e Reprodução/TV Anhanguera
Encontro entre Davi e Maria da Conceição
Maria da Conceição dos Santos Mendonça foi encontrada morta em Aparecida de Goiânia
Reprodução/TV Anhanguera
À polícia, o prestador de serviços Davi Pereira da Silva disse que “foi chamado por Maria da Conceição para “separar umas pelas na loja, pois ela estava fazendo um levantamento do que tinha no estoque para atender a quatro orçamentos””.
No entanto, em depoimento, o marido da empresária contou que ela não estava fazendo orçamentos para ninguém e que essa situação foi provocada por Davi, que há dias insistia em ir à loja para orçar umas peças para mandar para um amigo em outro estado. A polícia explicou que a loja estava em processo de encerramento e permanecia aberta apenas para venda das peças em estoque.
Câmeras de segurança mostram quando a mulher e o prestador de serviços chegam ao local marcado (assista acima). Segundo informações da Polícia Civil, o laudo de perícia criminal apontou que enquanto os dois estavam dentro da loja, houve luta corporal.
“O depósito apresentava desordem em seu lado direito (da perspectiva de quem entra), com sinais de luta caracterizados pelas peças sobre o chão, caneta e brinco”, explicou a polícia.
Momento em que Davi e Maria da Conceição chegam ao local marcado para encontro em Aparecida de Goiânia
Reprodução/Polícia Civil
Logo depois ele é visto saindo dirigindo o carro dela. Mais à frente, uma das portas traseiras se abre e é possível visualizar o braço da vítima segurando a porta. A polícia acredita que, nesse momento, Maria da Conceição tentava sair do veículo (assista acima).
“Em determinado momento ela começou a acordar e tentou sair do carro, foi quando ele a esfaqueou”, narrou Rogério Bicalho.
Pouco depois, outra imagem mostra Davi entrando em luta corporal com a empresária. Em seguida, ele aparece deixando o carro estacionado e fugindo a pé do local em que a mulher foi encontrada morta.
A polícia acredita, portanto, que o encontro foi marcado por Davi com o objetivo de ficar sozinho com a idosa e que o fato dele “ter a colocado no banco de trás, amarrada com fita adesiva, possivelmente [foi] para levá-la a local em que a obrigaria a fazer alguma transferência bancária”.
Momento em que Maria da Conceição é agredida dentro de carro, em Aparecida de Goiânia
Reprodução/Polícia Civil
Investigação do caso
A empresária Maria da Conceição dos Santos Mendonça estava desaparecida desde o dia 6 de janeiro, quando saiu para atender um cliente. Na manhã do dia seguinte, dia 7 de janeiro, o corpo dela foi encontrado dentro do próprio carro, no bairro Jardim Imperial, em Aparecida de Goiânia.
Em entrevista à TV Anhanguera, um tenente-coronel da Polícia Militar informou que o suspeito do crime, Davi Pereira, foi localizado na casa de familiares, onde estava escondido.
Carro onde foi encontrado o corpo da empresária Maria dos Santos Mendonça pertencia à vítima
Reprodução/TV Anhanguera
Davi foi indiciado pelo crime de latrocínio, que é o roubo seguido de morte. A conclusão da polícia é que possivelmente o prestador de serviços iria obrigar Maria da Conceição a fazer alguma transferência bancária. Apesar de nenhuma transação ter sido feita da conta da vítima, a polícia explicou que isso só aconteceu por causa do comportamento da vítima, que “jamais faria uma transferência forçada” a Davi.
“A negativa da vítima certamente foi o estopim desencadeador da ira do criminoso, que, diante da frustração de seu objetivo, agiu com violência ainda mais extrema com a vítima”, concluiu a polícia.
Suspeito confessou crime
Vídeo mostra momento em que prestador de serviços confessa ter matato empresária
Um vídeo do depoimento, obtido com exclusividade pela TV Anhanguera, mostra o momento da confissão (veja acima). Lá, Davi Pereira da Silva admitiu ter enforcado a idosa dentro da oficina dela, onde prestava serviços. De acordo com a PM, a empresária e o suspeito mantinham uma relação profissional de aproximadamente 20 anos.
“Na hora que eu vi, estava com ela no pescoço e ela desmaiada. Não sabia se corria do local e a deixava desmaiada, fiquei em transe, pensei em deixá-la em algum local. Acho que surtei na hora, estava com uma faca no bolso e, quando vi, já tinha feito”, relatou o prestador de serviços em depoimento.
Segundo o delegado do Grupo de Investigação de Homicídios de Aparecida de Goiânia, Rogério Bicalho, Davi estava foragido por outro homicídio, pelo qual já havia sido condenado.
“Ele passou a usar tornozeleira eletrônica e a rompeu, por isso estava foragido”, declarou investigador.
Nota da Defensoria Pública na íntegra:
“A Defensoria Pública do Estado de Goiás informa que representou o investigado durante a audiência de custódia, cumprindo seu dever legal e constitucional de garantir a defesa de pessoas que não tenham condições de pagar por um profissional particular e não comentará sobre o caso. Destaca ainda que após a audiência de custódia, ao ser iniciado o processo criminal e oportunizado prazo para o acusado constituir sua defesa que poderá ser realizada pela Defensoria Pública ou por um profissional particular.”
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