
Ao todo, o Espírito Santo tem 18 Escolas Família Agrícola (EFA), unidades responsáveis por difundir conhecimento para alunos que vivem e querem continuar no interior do estado. Escolas agrícolas ajudam a manter mão de obra capacitada nas propriedades rurais
Um dos desafios das famílias que vivem no campo em todo o país é manter e atrair os jovens para as zonas rurais, preparando-os para a sucessão familiar. No Espírito Santo, entre as estratégias utilizadas para vencer esse obstáculo e desenvolver o agronegócio capixaba está o investimento em Escolas Família Agrícola (EFA).
Essas unidades são responsáveis por difundir conhecimento para alunos que vivem e querem continuar no interior do estado, em negócios próprios, da família ou em empresas.
📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp
Ao todo, são 18 unidades de EFAs no estado. Nas salas de aulas, estão as mesmas disciplinas de um colégio tradicional, como Português, Matemática, Geografia e História. No entanto, o diferencial é o aprendizado com base na pedagogia da alternância, metodologia francesa que une teoria e prática no campo.
Escola da Família Agrícola alia teoria e prática para levar conhecimento para o campo, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
As disciplinas práticas no campo, por exemplo, ajudam os estudantes a resolverem demandas da própria comunidade rural, como seca, pragas e alternativas para manter a produtividade de forma sustentável.
A ideia das escolas é oferecer conhecimentos aos jovens, aliados a uma formação com novas tecnologias, e fazer com que esses estudantes possam implementar na prática nas propriedades.
Reginaldo Drago Lovati é diretor da EFA de Alfredo Chaves, município da Região Serrana do Espírito Santo. A unidade, segundo ele, tem mais de 130 estudantes matriculados e os jovens se revezam semanalmente entre a estadia na escola e a ida para a casa onde moram.
Ou seja, enquanto um grupo passa a semana na EFA; o outro coloca em prática o lhe foi ensinado.
“O jovem que coordena o nosso trabalho. Trazendo as demandas dele, a gente pode dar instrumentos e metodologias, que vá levar para o meio onde ele vive alternativas e meios mais consistentes que leve a um desenvolvimento sustentável”, comentou Reginaldo.
Escola da Família Agrícola de Alfredo Cahves, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Um dos estudantes da unidade é o estudante Kaic Valiat. A família dele cultiva banana e o jovem quer levar para casa o conhecimento adquirido.
”A gente utiliza o sistema convencional. Com a escola aqui, a gente pode aprender novas formas de fazer adubação, como adubação verde”, comentou.
Histórias de sucesso
Diversas histórias de sucesso passaram pela Escola da Família Agrícola (EFA) em Alfredo Chaves, que tem mais de 50 anos de fundação. Uma delas é a do produtor rural Luan Fardin, que se formou em 2018 na unidade.
Durante o período que estudou, Luan estudou sobre formas de aumentar a produtividade do inhame no sítio onde ele mora com a família no município.
Luan Fardin, que se formou em 2018 na Escola da Família Agrícola, em Alfredo Chaves, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
“Nossa região é muito montanhosa. Existem poucas áreas planas para facilitar o plantio mecanizado do inhame. Eu notei que a gente poderia, em uma mesma área, colher uma quanidade maior do inhame. São vários fatores que influenciam e você tem que trabalhar os tratos culturais muito bem, como a seleção de boas mudas, a irrigação e a questão nutricional, que é o mais importante e não pode faltar”, comentou.
LEIA TAMBÉM:
Novo êxodo urbano: Trabalhadores voltam para o interior do ES em busca de salários mais altos e qualidade de vida
Fazendas urbanas levam produtos frescos à mesa de consumidores no ES
Agricultura urbana: casal usa terraço da casa para produzir alface no meio da cidade no ES
Atualmente, a produção de inhame na propriedade da família de Luan é de cerca de 40 toneladas de inhame por hectare, o dobro do que era produzido antes dele passar pela Escola da Família Agrícola (EFA).
“Não é fácil, é um serviço árduo. É sol, é chuva, é seca, é preço baixo… Tudo que você pensar. Mas quem faz o que gosta, não trabalha nunca. Principalmente, na nossa região acredito que temos excelentes profissionais que vão ser o futuro do nosso município e do nosso estado”, finalizou o jovem.
Onde estão localizadas
Das 18 Escolas Família Agrícola no Espírito Santo, cinco estão localizadas nas regiões Norte e Sul do estado, quatro no Noroeste, duas na Serrana e uma na Grande Vitória — além da Escola Família de Turismo (EFTUR), em Anchieta (confira a lista abaixo).
EFA de Cachoeiro de Itapemirim, em Cachoeiro De Itapemirim
EFA de Belo Monte, em Mimoso Do Sul
EFA de Ibitirama, em Ibitirama
EFA de Rio Novo do Sul, em Rio Novo Do Sul
EFA de Castelo, em Castelo
EFA de Alfredo Chaves, em Alfredo Chaves
EFA de Olivânia, em Guarapari
EFA de Boa Esperança, em Boa Esperança
EFA de Jaguaré, em Jaguaré
EFA de Vinhático, em Montanha
EFA do KM 41, em São Mateus
EFA de Pinheiros, em Pinheiros
EFA de Rio Bananal, em Rio Bananal
EFA do Bley, em São Gabriel da Palha
EFA de São João de Garrafão, em Santa Maria de Jetibá
EFA de Marilândia, em Marilândia
EFA de Chapadinha, em Nova Venécia
EFTUR, em Anchieta
Todas essas instituições, exceto a última, funcionam no regime de semi-internato, ou seja, os alunos passam uma semana na escola tendo aula e a outra em casa pondo em prática os conteúdos.
As unidades são filantrópicas, mantidas pelo Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (Mepes) em parceria com o governo do estado e as prefeituras dos municípios onde estão localizadas.
Escola da Família Agrícola funciona em regime de internato, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Vídeos: tudo sobre o Espírito Santo
Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo