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Negão foi atingido na pata e de raspão no pescoço, mas não corre risco de vida. O vira-lata Negão ao ser socorrido (E) e já fora de risco
Reprodução/TV Globo
Durante o ataque à 60ª DP (Campos Elíseos), no último sábado (15), um vira-lata adotado pelos policiais foi baleado. Os agentes achavam que Negão tinha morrido, porque desde a emboscada ele não havia sido mais visto.
Nesta segunda-feira (17), veio a boa notícia: a balconista Simone Menezes, vizinha da delegacia, encontrou Negão ferido e acuado em um beco e o socorreu. Outra vizinha a ajudou a levá-lo a uma clínica.
Veterinários que atenderam Negão contaram a Simone que o pet foi atingido na pata direita dianteira e de raspão no pescoço.
“Ele estava muito debilitado e não quis comer [no dia do ataque]. Levamos para a clínica, e ele está bem. Vai tomar remédio por 7 dias”, disse a vizinha.
Delegacia destruída
Veja como ficou a 60ª DP por dentro após ataque
A TV Globo teve acesso, com exclusividade, a imagens do interior da 60ª DP. As paredes ficaram cheias de tiros, e os vidros das divisórias das salas, estilhaçados. Um mapa do bairro de Campo Elíseos foi atingido várias vezes. Nas salas, persianas esburacadas e janelas destruídas (veja acima).
A Polícia Civil do RJ interditou o prédio. A delegacia ficará fechada e sem atendimento ao público até que uma perícia completa seja feita na fachada e no interior, a fim de liberar o imóvel a para reparos. A instituição orienta procurar a 59ª DP (Duque de Caxias) até que a distrital de Campos Elíseos seja reaberta.
Nesta segunda-feira (17), agentes seguiam procurando o traficante Joab da Conceição Silva, apontado como chefe da emboscada à 60ª DP. O Disque Denúncia lançou um cartaz, na tarde de domingo (16), com foto do criminoso, pedindo informações que levem à prisão de Joab.
O policiamento foi reforçado na região.
Marcas de tiros no interior da 60ª DP (Campos Elíseos)
Reprodução/TV Globo
Tiros na delegacia
Segundo a polícia, a emboscada na Delegacia de Campos Elíseos foi uma tentativa de resgate de 2 presos: Rodolfo Manhães Viana, o Rato, apontado como chefe do tráfico da Vai Quem Quer, e do braço direito dele, Wesley de Souza do Espírito Santo.
“No início da noite, sob o comando de Joab da Conceição Silva, narcoterroristas entraram na delegacia na tentativa de resgatar os comparsas, que já haviam sido transferidos para a sede da Divisão de Capturas e Polícia Interestadual (DC-Polinter), na Cidade da Polícia”, informou a instituição.
A TV Globo apurou que pelo menos 10 bandidos cercaram a delegacia e abriram fogo. Quatro policiais reagiram a tiros e conseguiram impedir a invasão. Dois acabaram baleados. No fogo cruzado, a entrada da distrital ficou destruída.
Os agentes feridos foram levados para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. “Ambos já receberam alta médica”, disse a Polícia Civil.
Contra-ataque
No domingo, dezenas de policiais foram para Caxias a fim de prender os envolvidos no ataque. Um homem foi morto em confronto, e outros 5, presos.
No início da tarde, o governador Cláudio Castro (PL) postou um comentário em suas redes sociais sobre a tentativa de resgate:
“A ousadia dos criminosos ao atacar uma delegacia de polícia não vai ficar por isso mesmo. Já identificamos todos eles e vamos pegá-los de qualquer jeito. E já vou avisando à turminha dos ‘direitos humanos’: não encham o meu saco, porque a resposta será dura e na mesma proporção, só que com efetividade e dentro da lei.”
O delegado Felipe Curi chamou o ataque de “ato terrorista praticado contra todos os policiais e toda a população do Rio de Janeiro”.
“Já estamos dando a resposta que será à altura. Colocamos esses criminosos presos no hall de chefias do Comando Vermelho que serão transferidos para presídios federais. Além disso, quero dizer que ‘vai ter sim operação’. Com toda a força do Estado. Que julguem e considerem improcedentes as restrições e limitações que impõem à polícia. As polícias é que têm que dizer como devem agir. A fatura chegou, e a conta é alta”, afirmou o secretário de Polícia Civil.
Presos iam para o Juramento
A prisão de Rato e de Wesley foi na manhã de sábado, a partir de dados de inteligência. A 60ª DP descobriu que traficantes do Vai Quem Quer iriam reforçar a disputa pelo controle do Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na Zona Norte do Rio.
Nesta segunda, a PM iniciou uma operação na região para tentar conter o conflito. Na noite desse domingo (16), a circulação do metrô chegou a parar por conta dos tiroteios.
Os confrontos começaram na quarta (12). Na quinta-feira (13), uma mulher foi baleada no Juramento.
Na noite de sexta-feira (14), passageiros do metrô que passavam pela Estação Thomaz Coelho foram obrigados a se jogar no piso durante um tiroteio.
No sábado, equipes da 60ª DP organizaram uma investida na Vai Quem Quer e foram recebidas a tiros. Houve intenso confronto. Os agentes conseguiram avançar até um beco, onde prenderam Wesley com um fuzil 555mm. Na sequência, em uma casa, policiais encontraram Rato com um rádio transmissor.
Rato tinha sido preso em 2013 e foi solto em julho.
Assista à reportagem completa:
Delegacia de Caxias alvo de ataque é interditada