
Dom Odilo Scherer exaltou legado do líder católico argentino e disse que o caminho percorrido por ele ao longo de 12 anos precisa ser valorizado e continuado. Brasil tem sete cardeais com menos de 80 anos aptos a votar no conclave de escolha do novo papa. O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, e o Papa Francisco I.
Divulgação/Arquidiocese de SP
O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, é uma dos sete cardeais brasileiros aptos a participarem do conclave que vai escolher o novo papa da Igreja Católica, após a morte nesta segunda-feira (21) do Papa Francisco I.
Francisco morreu aos 88 anos, em razões ainda não anunciadas pelo Vaticano, mas certamente por intercorrências da doença que o deixaram em convalescência há várias semanas.
Ao fazer um balanço nesta segunda-feira (21) do papado de Francisco I, Dom Odilo Scherer exaltou o legado do líder católico argentino e disse que o caminho percorrido por ele ao longo de 12 anos de comando da Igreja Católica deixa um legado de reformas e de esforço para que a instituição fosse mais presente na vida das pessoas.
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“O papa resistiu bravamente à infecção que teve para retomar as suas atividades. Em 12 anos, ele deu continuidade ao Concílio Vaticano II, de tornar a igreja para o mundo e mais missionária. Trabalhou na reforma interna para que aparecesse mais como é: uma instituição de batizados, não uma entidade clerical. Lutou para que a Igreja fosse mais participativa, missionária e consciente no mundo todo”, comentou Scherer.
Segundo o arcebispo de São Paulo, o novo papa não será igual a Francisco I, porque todo papa é diferente um do outro. Mas defendeu que o novo líder a ser escolhido preserve valores do papa falecido, que são da própria Igreja Católica.
“Ninguém espere um papa a favor da guerra e que não cuide dos pobres. Ninguém espere um papa que não diga aos padres: ‘que sejam bem formados’. Isso é norma geral. Portanto, o próximo papa vai ser alguém que vai cuidar bem da Igreja. Porém, o próximo papa será uma pessoa humana. Não será um robô. E, portanto, vai governar com o seu jeito, caráter e capacidade humana. Estejamos abertos a acolher a figura do novo papa, quando ele for escolhido”, afirmou.
Quem são os cardeais aptos ao conclave
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Sete cardeais brasileiros estão na lista do Vaticano para participar do Conclave, que é a eleição que definirá o novo pontífice. Com a morte do papa Francisco, nesta segunda (21), o processo deve começar em até 20 dias.
Pelas regras da Igreja Católica, apenas cardeais com menos de 80 anos podem votar. Entre os oito cardeais brasileiros, sete atendem a esse critério. Confira a lista:
Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos.
Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos.
Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos.
Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos.
Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos.
João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos.
Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.
O único cardeal brasileiro que não poderá participar do Conclave é Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, de 87 anos. Ainda assim, ele será convidado a integrar o Colégio dos Cardeais, que discutirá assuntos inadiáveis da Igreja até a escolha do novo papa.
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No total, segundo o Vaticano, 138 cardeais estão aptos a participar da votação. Veja a seguir a trajetória dos brasileiros que poderão integrar o Conclave.
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Sérgio da Rocha
Cardeal Sérgio da Rocha é o Arcebispo de Salvador, na Bahia
Divulgação/Arquidiocese de Salvador
O cardeal Sérgio da Rocha é o atual arcebispo de Salvador e tem 65 anos. Ele também é o Primaz do Brasil, título dado ao religioso que conduz a arquidiocese mais antiga do país.
Rocha nasceu em Dobrada (SP) e foi ordenado padre em 1984. É mestre em Teologia Moral pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma.
Ao longo da carreira, atuou como diretor espiritual, professor e reitor do seminário diocesano de Filosofia de São Carlos (SP). Também trabalhou na assessoria e coordenação de pastorais, além de ser professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas.
Em 2001, tornou-se bispo auxiliar de Fortaleza. Sete anos depois, foi nomeado arcebispo da Arquidiocese de Teresina. Já em 2011, assumiu a Arquidiocese de Brasília, onde permaneceu até ser nomeado Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, em 2020.
Foi criado cardeal pelo Papa Francisco em novembro de 2016 e chegou a ser presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entre 2015 e 2019.
Jaime Spengler
O arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB, Dom Jaime Spengler, em entrevista coletiva a jornalistas na cobertura da 60ª Assembleia Geral da CNBB.
Jaison Alves/CNBB Sul 4
Jaime Spengler é o atual presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre. Natural de Gaspar (SC), ele tem 64 anos e iniciou sua vida religiosa na década de 1980, ao ingressar na Ordem dos Frades Menores.
Spengler cursou Filosofia e Teologia, sendo ordenado padre em novembro de 1990, em Gaspar. Mais tarde, obteve o título de doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma.
Ainda como padre, atuou em missões pelo Brasil por meio da Ordem dos Frades Menores. Em 2010, foi nomeado bispo auxiliar pelo Papa Bento XVI.
Desde 2013, Spengler ocupa o cargo de arcebispo de Porto Alegre, após ser nomeado pelo Papa Francisco. Em dezembro do ano passado, foi nomeado cardeal em uma cerimônia realizada em Roma.
Odilo Scherer
O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, prega durante a celebração da missa de Corpus Christi na Praça da Sé
Alexandre Moreira/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo
Odilo Scherer é o atual arcebispo de São Paulo e tem 75 anos. Natural de Cerro Largo (RS), ingressou no seminário de São José, em Curitiba, em 1963. Estudou Filosofia e Teologia, obtendo os títulos de mestre e doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Foi ordenado padre em 1976, em Quatro Pontes (PR), e passou mais de 30 anos atuando no oeste do Paraná, onde também foi reitor e professor nos seminários de Cascavel e Toledo.
Em 2002, foi nomeado bispo auxiliar de São Paulo. No ano seguinte, assumiu o cargo de secretário-geral da CNBB. Em 2007, tornou-se arcebispo de São Paulo e foi criado cardeal.
Ao participar do Conclave de 2013, Scherer foi considerado um dos favoritos para ser eleito papa.
“Eu ri bastante. Tinha um conclave que se fazia fora da Capela Sistina, e não foi o conclave que elegeu o Papa”, afirmou o religioso na época.
Em 2024, Scherer anunciou que havia pedido renúncia do cargo de arcebispo de São Paulo, conforme a norma da Igreja para bispos que completam 75 anos. Ele deverá permanecer à frente da arquidiocese até 2026.
Orani Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta
Alexandre Durão/G1
Orani Tempesta é o atual arcebispo do Rio de Janeiro e tem 74 anos. Nascido em São José do Rio Pardo (SP), em junho de 1950, entrou para a Ordem Cisterciense e foi ordenado padre em dezembro de 1974.
Em abril de 1997, foi ordenado bispo e assumiu a arquidiocese de São José do Rio Preto (SP).
Em 2004, Tempesta foi transferido para Belém, onde atuou como arcebispo, permanecendo na cidade por quase cinco anos, até assumir a Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Foi uma das lideranças responsáveis pela organização da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, evento que marcou a primeira viagem internacional do Papa Francisco — e também a única vez em que o pontífice esteve no Brasil.
Em 2014, Tempesta foi criado cardeal pelo Papa Francisco. Ele também exerce a função de grão-chanceler da PUC-RJ e de outras três instituições de ensino superior.
Paulo Cezar Costa
Dom Paulo Cezar Costa
Reiza Lopes/Divulgação
Paulo Cezar Costa é o atual arcebispo de Brasília e tem 57 anos. Nascido em Valença (RJ), cursou Filosofia e Teologia em seminários no estado do Rio de Janeiro. Também é mestre e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Foi ordenado sacerdote em 1992 e, ainda na década de 1990, atuou na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Vassouras (RJ).
No início dos anos 2000, foi professor na PUC-RJ, chegando a coordenar o Departamento de Teologia. Também lecionou no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e no Instituto de Filosofia e Teologia Paulo VI, em Nova Iguaçu.
Em novembro de 2010, Costa foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro e ajudou a organizar a Jornada Mundial da Juventude de 2013.
Em 2020, foi transferido para a Arquidiocese de Brasília. Dois anos depois, foi criado cardeal pelo Papa Francisco.
João Braz de Aviz
O cardeal João Braz de Aviz na Basílica de São Pedro, no Vaticano
Max Rossi/Reuters
João Braz de Aviz tem 77 anos e é o cardeal brasileiro mais velho apto a participar do Conclave. Nascido em Mafra (SC), cresceu em Borrazópolis, no Paraná.
Ainda jovem, ingressou no Seminário Menor São Pio X, em Assis (SP). Ele estudou Filosofia em Curitiba e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Foi ordenado em 1972, na Catedral de Apucarana, e atuou como diretor espiritual de seminários no Paraná e em São Paulo. Também foi reitor e professor de Teologia Dogmática em Londrina (PR).
No fim da década de 1980, voltou para Roma onde se tornou doutor em Teologia Dogmática. Depois de retornar para o Brasil, foi eleito bispo auxiliar de Vitória.
Em 1998, Aviz se tornou bispo de Ponta Grossa (PR). Quatro anos depois, assumiu a Arquidiocese de Maringá (PR), onde ficou por apenas 14 meses. Em 2004, foi nomeado arcebispo de Brasília.
Em 2011, foi nomeado prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica pelo Papa Bento XVI. No ano seguinte foi criado cardeal. Também participou do Conclave de 2013, que elegeu o Papa Francisco.
Leonardo Steiner
Dom Leonardo Steiner
Divulgação/Arquidiocese de Manaus
Leonardo Ulrich Steiner é o atual arcebispo de Manaus e tem 74 anos. Natural de Forquilhinha (SC), é considerado pelo Vaticano o primeiro cardeal da Amazônia.
Estudou Filosofia e Teologia no convento dos Franciscanos de Petrópolis e é bacharel em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena. Também é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma.
Foi ordenado sacerdote em janeiro de 1978, em Forquilhinha. Após isso, por causa da formação em Pedagogia, atuou em vários projetos de educação. Entre 1999 e 2003, foi secretário-geral do Pontifício Ateneu Antoniano, em Roma. Ao voltar ao Brasil, foi nomeado vigário da Paróquia do Senhor Bom Jesus, em Curitiba.
Em fevereiro de 2005, foi nomeado bispo pelo Papa João Paulo II e assumiu a Prelazia de São Félix do Araguaia (MT). Em 2011, foi eleito secretário-geral da CNBB e, no mesmo ano, nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília pelo Papa Bento XVI.
Em 2019, tornou-se arcebispo de Manaus e, três anos depois, foi criado cardeal pelo Papa Francisco.
O Papa Francisco acena ao aparecer inesperadamente durante a missa do Domingo de Ramos no dia 13 de abril na Praça de São Pedro, no Vaticano
REUTERS/Yara Nardi
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