Ala do STF defende ‘esfriar’ tensão com a Câmara no caso Ramagem


Câmara recorreu da decisão da 1ª Turma que manteve ativa ação contra Alexandre Ramagem no inquérito do golpe. Ministros defendem que STF demore na resposta para amenizar a tensão. Deputado Delegado Ramagem (PL – RJ)
Bruno Spada / Câmara dos Deputados
Uma ala do Supremo Tribunal Federal (STF) passou a defender um resfriamento da suposta crise entre o tribunal e a Câmara no caso do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
“Suposta” porque, nesse caso, nunca houve um desgaste maior que tenha surpreendido os atores envolvidos. Ao contrário: foi um episódio de jogo jogado.
A Câmara tomou uma decisão inconstitucional e corporativista de atropelar a Constituição e tentar suspender toda o processo do deputado Alexandre Ramagem por tentativa de golpe.
A 1ª Turma do STF rejeitou essa possibilidade em atenção ao artigo 53 da Constituição, que diz que a Câmara só pode paralisar processos relacionados a crimes cometidos após a diplomação do parlamentar.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), três dos cinco crimes listados na acusação contra Ramagem foram cometidos quando ele ainda não era deputado.
STF limita decisão da Câmara e mantém ação penal contra Alexandre Ramagem
A Câmara recorreu dessa decisão colegiada do STF. E ainda se valeu de instrumento jurídico errado: protocolou uma arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), um tipo de recurso que não cabe para contestar a decisão colegiada.
A ala do STF que defende esfriar as tensões quer que esse recurso seja julgado sem pressa, sem prazo – até porque o resultado é previsível.
Tanto a Câmara quanto o STF sabem que o assunto está encerrado e o recurso não dará em nada. Uma canetada agora só abastecerá o barulho político.
“Moraes pode simplesmente não decidir agora porque tem coisas mais urgentes a fazer. Inclusive, o próprio julgamento da tentativa de golpe”, disse um ministro.
Essa ala entende que o recurso da Câmara é só uma coreografia do presidente da Casa voltada “para dentro” – um gesto político para os próprios deputados. Motta é bem visto no Supremo, tido como um político de boas conversas e boa fé.
Resta saber se o ministro Alexandre de Moraes, para quem o recurso deve ser encaminhado, vai seguir o conselho dessa ala – ou se vai querer liquidar a fatura e negar o pedido .
Adicionar aos favoritos o Link permanente.