
Na agricultura familiar, as mulheres são responsáveis por quase metade da renda familiar, sendo protagonistas de histórias que estão transformando o campo amazonense. Elisane Araújo se dedica à produção de pimentão, pimenta de cheiro, macaxeira e outras variedades
Francisco Carioca/Rede Amazônica
Em 2025, cerca de 21% dos estabelecimentos agropecuários no Amazonas são liderados por mulheres, um número acima da média nacional. Na agricultura familiar, as mulheres são responsáveis por quase metade da renda familiar, sendo protagonistas de histórias que estão transformando o campo amazonense.
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Morando no ramal da cooperativa, zona rural de Manaus, há pouco mais de cinco anos, Elisane Araújo e o marido se dedicam à produção de pimentão, pimenta de cheiro, macaxeira e outras variedades. A agricultora ainda não tem muita experiência com o plantio na roça. Diariamente, ela divide as tarefas de casa e do campo. Propriedades pequenas como essa são responsáveis por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos amazonenses.
“É bem difícil, tenho que me virar ‘nos 30’. De manhã consigo ir lá fazer o café da manhã, ai venho pra cá ajudar meu esposo porque é um trabalho em conjunto”, afirma.
Janis tem uma pequena granja. No início, a agricultora enfrentou dificuldades para conseguir financiamento. Hoje ela administra três galpões com cerca de 3 mil aves em plena produção. Uma das possibilidades de financiamento é o programa Pronaf Mulher que oferece crédito de até R$ 25 mil por ano com juros de apenas 4%. Um incentivo que está mudando a realidade de muitas produtoras.
“Foi muita luta. Como não tinha recurso próprio, eu busquei apoio pelos bancos. Você tem que gostar, buscar e todo recurso que você pegar, você não pode tirar nada fora, somente investir no seu sonho”, diz a produtora.
Produtora Janis Pereira administra três galpões com cerca de 3 mil aves.
Francisco Carioca/Rede Amazônica
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, as mulheres do campo são responsáveis por 43% da renda familiar na agricultura familiar.
No ramal do Igarapé Açu, a mais de 50 km de Manaus, um dos principais desafios das agricultoras é o escoamento da produção. Sem estradas adequadas, muitos produtos acabam se perdendo antes de chegar ao consumidor final.
As hortaliças e frutas são os principais produtos cultivados pelas mulheres amazonenses. Na propriedade da Rosângela, por exemplo, ela cuida da plantação de coentro. Após a colheita, a ideia é preparar a área para o plantio de mamão. A agricultora trabalha com a rotatividade de várias plantações.
“Nós trabalhamos com a rotatividade de várias plantações. Nós temos aqui 750 pés de pimentão plantado, nós temos cheiro-verde e pimenta de cheiro. Aqui não tem esse negócio de sexo frágil não, as mulheres aqui botam a mão na massa, no cabo da enxada”, diz a produtora.
No Sul do Amazonas, um grupo de mulheres tem se destacado na produção de óleos essenciais que são comercializados em Manaus e até para outros estados. Algo semelhante está sendo feito pela agricultora Andreia Maia e outras mulheres da família.
Elas utilizam a pequena área da propriedade para o cultivo de uma horta. No sítio, elas atuam em todas as etapas, como a preparação do solo, cultivo e manutenção. Todo o esforço é para garantir uma boa produção agrícola.
“É bom ter a família unida para trabalhar junto. Até as crianças as vezes vem pra cá, ajudam a limpar couve, catar pimenta, estão aqui também incentivando”
Uma recente alteração na Lei do Programa Nacional de Alimentação Escolar determina que pelo menos 50% do valor dos alimentos adquiridos de agricultores familiares para a merenda escolar deve ser comprado de mulheres. Essa é uma garantia de mercado que estimula ainda mais a presença feminina no campo.
Amazônia Agro deste domingo, 23 de março de 2025